Shein, Shopee e AliExpress: Setor de varejo critica Lula após recuo na taxação produtos importados
O setor de varejo não recebeu bem a notícia de que o governo voltou atrás com a medida que acabaria com a isenção de imposto sobre encomendas de até US$ 50 (cerca de R$ 250) enviadas ao Brasil por pessoas físicas.
Segundo o jornal Valor Econômico, executivos do setor devem se movimentar para reforçar a importância do fim da isenção da tributação. Para isso, uma reunião com o Ministério da Fazenda está sendo articulada para acontecer ainda nesta semana.
A percepção entre os varejistas é de que o governo cedeu à pressão popular. Além disso, dois empresários que atuam na discussão sobre o tema em Brasília, relataram ao Valor que veem participação da primeira-dama, Janja, no recuo. Aliás, a repercussão negativa ao governo teve ela como pivô.
Setor de varejo enxerga que recuo compromete combate ao contrabando
Embora a isenção de imposto de importação para produtos de até US$ 50 seja válida só para itens enviados de uma pessoa para a outra, empresas estrangeiras têm utilizado o benefício para comercializar bens no Brasil sem pagar imposto — o que é caracterizado por lei como crime de contrabando.
Diante disso, tanto o ministro Fernando Haddad (Fazenda) quanto o setor de varejo consideram que acabar com o benefício fiscal é a forma mais eficaz de combate ao contrabando.
A equipe econômica, no entanto, teve de recuar da decisão após pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi alvo de inúmeras críticas nas redes sociais.
Nas redes, a medida proposta pelo governo foi interpretada como a criação de um novo tributo, que elevaria o custo de produtos vendidos por e-commerces estrangeiros, especificamente dos asiáticos Shein, Shopee e Aliexpress.
O ministro Haddad, que encabeça a discussão sobre o tema, evita citar o nome de empresas. Porém, ele já afirmou que o único objetivo do governo é coibir o contrabando. Ou seja, cobrar imposto de quem hoje não paga, mas deveria estar pagando.
Ao comentar sobre o recuo do governo sobre o fim da isenção, Haddad deixou claro que o combate ao contrabando será mais difícil. “Vamos precisar de mais tempo para verificar qual é o caminho de combater [ao contrabando], que se tornou mais difícil”, disse a jornalistas.