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Shein, Shopee e AliExpress: Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) vão reconquistar espaço após taxação?

13 abr 2023, 18:32 - atualizado em 14 abr 2023, 10:01
Shein Shopee AliExpress
Shein, Shopee e Aliexpress devem sentir baque do fim da isenção de impostos (Imagem: Pixabay/athree23)

A medida provisória que quer taxar encomendas enviadas por pessoas físicas no valor de até US$ 50 pode acender uma esperança para as varejistas brasileiras. É o que afirmam especialistas ao pontuar que a taxação pode fazer as estrangeiras Shein, AliExpress e Shopee perderem espaço no mercado brasileiro.

O analista da Empiricus Investimentos, Fernando Ferrer, afirma que, com o fim da isenção de impostos, as varejistas do exterior devem subir consideravelmente o preço de seus produtos, a fim de garantir manutenção de marca. Para o analista, a alta pode ser de mais de 50%.

Com isso, a tendência é de que o volume de vendas das companhias caia, levando à queda também na participação no Brasil e, consequentemente, baixa nas receitas.

Na contramão das estrangeiras, o cenário é favorável para Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VIIA3) e Americanas (AMER3). Pedro Domingues, especialista em renda variável da Nexgen Capital, afirma que as varejistas brasileiras de e-commerce devem se recuperar no percentual de mercado.

No entanto, há ressalvas. Os especialistas da Empiricus e da Nexgen pontuam que Magalu, Via e Americanas podem encontrar barreiras em reconquistar esse espaço, pois seus produtos são “muito caros”.

As varejistas chinesas são conhecidas no Brasil pelo baixo valores de seus produtos. Já as brasileiras, além de terem subido seus preços por conta do ambiente inflacionário, são fortes em linha branca e eletroeletrônicos.

“Mesmo com a taxação das estrangeiras, está difícil ver uma troca de perfil de consumo e de produto das varejistas brasileiras”, diz Ferrer.

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Vantagens de Shein, Shopee e Aliexpress

O analista da Empiricus pontua que, apesar da taxação, as varejistas estrangeiras — principalmente, as chinesas — têm muito mais vantagens em relação às brasileiras. Entre elas, Ferrer cita o maior e mais eficiente potencial de atualização de coleção e a eficiência de suas plataformas.

Ele afirma que as empresas vão continuar crescendo, só que a um passo mais moderado. “A taxação prejudica o crescimento dessas plataformas, mas não as mata de vez”, diz.

Além disso, o analista aposta que, futuramente, Shein, Shopee e AliExpress devem encontrar outros meios de trazer os produtos para o Brasil, sem serem taxadas.

Varejo vai melhorar em 2023?

Segundo Ferrer, o cenário deve seguir desafiador para o varejo em 2023 — especialmente para o e-commerce. “A inflação e os juros seguem altos, apesar das últimas notícias positivas, e o percentual da renda das famílias está comprometido. Além disso, as empresas estão endividadas, fechando lojas e reduzindo target de crescimento”, explica.

Domingues, da Nexgen, destaca que momentos de transição política, atrelados ao cenário mencionado acima, não estimulam o consumo, pois trazem preocupações em relação à recessão e problemas políticos.

“2023 ainda vai ser difícil. À medida que os juros caírem e, consequentemente, o custo para as varejistas diminuir, a demanda vai aumentar. 2024 deve ser melhor”, destaca o especialista.

É hora de se posicionar no e-commerce varejista?

Por estarem muito descontadas, as varejistas brasileiras parecem bem atraentes no momento. Mas, apesar de baratas, elas ainda podem sofrer em 2023, devido ao cenário macro, afirma o especialista da Nexgen.

O analista da Empiricus ainda lembra que não há boa perspectiva para as brasileiras de e-commerce. “Achar varejista de e-commerce que esteja em um bom momento e com um múltiplo atrativo está difícil”, diz.

Ambas as casas de análise afirmam que não é um bom momento para se posicionar nos papéis do setor.

Shein, Shopee e AliExpress: o fim da isenção de impostos

O governo de Lula (PT) prepara uma medida provisória (MP) para acabar com a regra que isenta de imposto as encomendas enviadas por pessoas físicas que custam até US$ 50 (cerca de R$ 250).

Segundo a Receita Federal, o benefício está sendo utilizado indevidamente por empresas que enviam produtos ao Brasil.

Apesar de não citar o nome de empresas, a medida deve ter impacto no preço dos produtos comercializados em sites estrangeiros – os chineses, por exemplo.