Shein é ameaça para varejo brasileiro? Veja o que está por trás do sucesso da chinesa no Brasil
A Shein está com foco em investir no mercado brasileiro após a repercussão da polêmica em torno do fim da isenção de impostos em compras até US$ 50 (cerca de R$ 250), anunciada pelo Governo Lula.
Neste cenário, a varejista chinesa anunciou planos de nacionalizar 85% das vendas nos próximos quatro anos, abriu o primeiro escritório no Brasil e firmou contrato com a Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas), visando atender o mercado brasileiro e da América Latina.
No entanto, na visão dos analistas do BTG Pactual, os desafios para a Shein no mercado brasileiro deverão aumentar, devido aos impostos mais altos e custos locais.
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Na visão do banco, a varejista chinesa conta com três principais vantagens competitivas:
- Velocidade de lançamento no mercado, visto que a varejista usa fabricação sob demanda para produzir um fluxo constante de peças da moda em quantidades muito pequenas, alavancando uma rede de fornecedores que estão todos localizados na província de Guangzhou, na China
- Poderosa abordagem de mídia social, a Shein se posicionou diretamente como uma marca de referência para a Geração Z experiente em redes sociais e está altamente envolvida com plataformas mais recentes, como o TikTok
- Preços baixos, embora explorando algumas brechas fiscais para manter preços competitivos
“Apesar dos preços competitivos da Shein no mercado local, nossa pesquisa proprietária [usando uma cesta de oito produtos em 15 países], indica que os produtos da varejista são 1% mais caro no Brasil do que nos Estados, tornando-o um dos mercados globais mais caros para a plataforma chinesa”, comentam os analistas do banco.
Impacto no varejo brasileiro
Contudo, para o BTG, os planos da Shein para o mercado brasileiro devem diversificar sua matriz de produção, melhorar os níveis de serviço e alavancar o já alto engajamento e tráfego orgânico em sua plataforma, que conta com maior duração de visita e páginas por visita do que os pares.
Porém, esses movimentos também significam que a gigante da China competirá sob as mesmas condições que as varejistas locais, o que pode levar a preços mais altos.
Além disso, os analistas pontuam que a empresa chinesa enfrentará desafios semelhantes aos de seus pares para aumentar a capacidade de produção local. Aspecto que, segundo eles, já é um grande gargalo para varejistas globais bem-sucedidas, como a Zara.
“Vemos como uma vantagem competitiva para os players locais, embora a velocidade de lançamento no mercado e a poderosa abordagem de venda da Shein continuem sendo uma força significativa em um mercado altamente competitivo”, conclui o BTG.