Setor de serviços do Brasil registra queda de 0,6% em outubro, diz IBGE
O setor de serviços brasileiro entrou no quarto trimestre com queda no volume de vendas em outubro e interrompendo série de cinco meses de alta, pressionado principalmente pela atividade de transportes.
Em outubro, o volume de vendas caiu 0,6% na comparação com o mês anterior, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A contração, no entanto, foi mais fraca do que a queda de 1,0% esperada em pesquisa da Reuters, depois de o setor ter acumulado avanço de 4,5% em cinco meses de resultados positivos.
Assim, o setor de serviços está 10,5% acima do nível pré-pandemia e 0,6% abaixo do patamar mais elevado da série histórica iniciada em 2011, alcançado em setembro deste ano.
“Algo que contribuiu para o resultado de outubro foi a base de comparação elevada após o setor de serviços ter alcançado no mês (anterior) o valor mais alto da série histórica”, destacou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Na comparação com outubro do ano passado, houve aumento de 9,5%, enquanto economistas esperavam alta de 9,6%.
O IBGE destacou que em outubro três das cinco atividades pesquisadas apresentaram recuo, sendo a maior influência transportes, que viu redução de 1,8% no volume em relação ao mês anterior.
“Observamos uma disseminação de taxas negativas no setor de transportes, seja em uma análise por modais, com queda de terrestres, aquaviários e aéreos, e a parte de armazenamento, serviços auxiliares ao transporte e correio, assim como em uma análise entre os tipos de uso, com quedas tanto no transporte de passageiros quanto no transporte de cargas”, disse Lobo.
Os serviços prestados às famílias, que vinham apresentando taxas positivas no pós-pandemia, tiveram queda de 1,5%, enquanto os serviços profissionais, administrativos e complementares apresentaram queda de 0,8%.
Os resultados positivos foram registrados por informação e comunicação (0,7%) e outros serviços (2,6%).
O índice de atividades turísticas, por sua vez, caiu 2,8% em outubro sobre setembro, e elimina quase todo o ganho de 3,0% visto no período de julho a setembro (3,0%). Isso deixa o segmento 2,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020 e 9,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.
O resultado de outubro do setor de serviços vai na contramão dos ganhos apresentados pela indústria e pelo varejo no mês, mesmo em meio a um mercado de trabalho aquecido e mudança da demanda de bens para serviços no pós-pandemia.
Especialistas apontam que para 2023 o setor deve mostrar desaceleração diante do aperto da política monetária e do enfraquecimento global.