Setor de grãos argentino diz que proposta do governo para dragagem encarece exportações
Os custos das exportações de grãos da Argentina aumentariam sob uma nova proposta do governo, que prevê que os navios paguem pedágios ao Estado, e não mais à companhia que realiza a dragagem do rio Paraná, disseram membros da indústria nesta segunda-feira.
O governo argentino discorda, afirmando que a proposta, na verdade, tem como objetivo diminuir os custos logísticos ao mesmo tempo em que a produção agrícola do país aumenta.
Este é o mais novo capítulo de uma longa saga de agricultores e exportadores em oposição às intervenções do governo no setor.
A dragagem da hidrovia dá ao país uma vantagem sobre os rivais Brasil e Estados Unidos, que dependem mais de caminhões e barcaças, menos eficientes.
Na semana passada, o governo divulgou sua proposta para a administração do rio.
Ela prevê que o Estado, em vez da empresa que draga a hidrovia, deve receber os pedágios que navios pagam para utilizar o terminal exportador de Rosario, de onde partem cerca de 80% dos embarques de grãos da Argentina.
A proposta irritou exportadores e produtores, que já temiam as políticas do governo de centro-esquerda do presidente Alberto Fernández, cuja administração limitou as exportações de carne bovina como forma de controlar a inflação doméstica dos alimentos.
O governo deve supervisionar o sistema de logísticas e garantir a transparência no processo de licitação para os serviços de dragagem, disse Luis Zubizarreta, presidente da câmara de portos privados da Argentina.
Ele acredita, no entanto, que a companhia que realiza a dragagem, e não o governo, deve continuar recebendo o pedágio pago pelos navios.
“O sistema atual funciona bem, com os usuários do rio pagando o pedágio diretamente à empresa de dragagem. Nós precisamos manter isso”, afirmou Zubizarreta.
“Se o fluxo do dinheiro passar pelo Estado, o custo dos serviços de dragagem vai aumentar”, acrescentou.
Mas uma fonte do Ministério dos Transportes do país, que pediu para não ser identificada, disse que a proposta para o sistema de dragagem não tornaria os embarques mais caros.
“Não implica um custo maior. Um dos nossos objetivos é reduzir o custo das logísticas”, afirmou.