Economia

Setor de etanol do Brasil busca apoio do governo para estocar 6 bilhões de litros

16 abr 2020, 13:08 - atualizado em 16 abr 2020, 13:13
Combustíveis/Postos/Etanol
Segundo o presidente da Unica, o financiamento para estoques de etanol teria que ter prazo de dois anos e juros semelhantes aos concedidos em pacotes emergenciais para outros setores (Imagem: REUTERS/Marcelo Teixeira)

O setor de etanol do Brasil tem buscado ajuda do governo federal para obter financiamento via instituições oficiais para estocar 6 bilhões de litros do biocombustível da safra 2020/21, o que permitiria a continuidade da colheita recém-iniciada no centro-sul, diante da queda drástica de preços e demanda pela crise do coronavírus, disse uma das principais lideranças da indústria no país.

Em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Evandro Gussi, afirmou ainda que o financiamento, que poderia manter nos estoques volume equivalente a quase 25% da produção da safra 2020/21, exigiria 9 bilhões de reais.

“O que estamos pedindo é uma solução financeira de mercado, que é um financiamento desenhado pelos bancos oficiais que possa fazer frente a este início da safra, quando se tem o maior dispêndio de recursos, dando como garantia etanol em tanques lacrados, supervisionados por controladoras de primeira linha”, disse Gussi.

Segundo ele, o financiamento para estoques de etanol teria que ter prazo de dois anos e juros semelhantes aos concedidos em pacotes emergenciais para outros setores.

“Seria uma linha de crédito, na linha do que o governo já tem feito para evitar outros colapsos… solução relativamente simples, e que se não for tomada vai no fundo gerar um problema que o governo terá que resolver com medidas muito mais drásticas”, disse ele.

“Seria uma linha de crédito, na linha do que o governo já tem feito para evitar outros colapsos”, disse ele (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Segundo Gussi, sem medidas emergenciais aprovadas rapidamente, no máximo até a semana que vem, usinas de cana já começariam a parar atividades em duas ou três semanas.

“Se não for feito, as usinas param, porque não terão fluxo de caixa… ninguém está falando de lucrar neste momento, é sobreviver. Se a usina para, param os colaboradores e os fornecedores de cana”, disse ele, destacando que o setor emprega, entre diretos e indiretos, 2 milhões de pessoas.

O presidente da Unica, que representa as usinas do centro-sul, onde está cerca de 90% da cana do Brasil, detalhou ainda o pedido do setor para isenção de PIS/Cofins para o etanol, que segundo ele deve ser retirado para toda a cadeia produtora, incluindo distribuidoras.

Ele disse ainda que o governo tem estudado aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para a gasolina, de 10 para 50 centavos por litro, para aumentar a competitividade do etanol.

Para Gussi, a safra de cana do centro-sul tem potencial de ser uma das maiores da história, superando 600 milhões de toneladas, mas depende de medidas de apoio.

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