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Setor de agroquímicos do Brasil vê alta superior a 10% na receita em 2021, diz Sindiveg

10 fev 2021, 13:49 - atualizado em 10 fev 2021, 13:49
Soja agronegócio
A demanda espero mais uma vez crescente pelo aumento de área das principais culturas e pela lucratividade dos produtores (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Após ver o faturamento despencar em dólares em 2020, a indústria de agroquímicos do Brasil prevê aumentar em mais de 10% a receita em 2021, com produtores investindo em safras de soja, milho e cana, e também com repasses de custos das matérias-primas para os preços, disse o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Julio Borges.

Ele avalia que os ótimos preços de soja e milho, que lideram a demanda por pesticidas no país, devem impulsionar um aumento na área tratada com defensivos agrícolas na temporada 2021/22, que começa a ser plantada em setembro, contribuindo para o crescimento dos negócios.

Um sinal desse movimento são as vendas antecipadas de agroquímicos para 2021/22, que já atingiram entre 20% e 30%, bem acima dos 10% historicamente realizados até o final de janeiro.

“A demanda espero mais uma vez crescente pelo aumento de área das principais culturas e pela lucratividade dos produtores. Com o valor que eles têm por uma safra, vão querer ser mais cuidadosos”, disse Borges, lembrando que pragas que atacam as lavouras têm ficado cada vez mais resistentes, o que exige aplicação de pesticidas.

Ele destacou que nos últimos seis anos o Brasil tem crescido na média de 5% em área tratada com defensivos.

“Estou esperando algo superior ainda, estou esperando que a área de soja suba mais que subiu no ano passado”, disse Borges, ressaltando que a demanda da China tem sido tão forte que pode até gerar problemas de abastecimento.

Borges explicou também que a alta no faturamento anual ocorrerá após uma recuperação “enorme” no preço dos defensivos, o que acaba tendo impacto nos custos dos agricultores.

Isso acontece com a indústria reposicionando suas cotações já com um câmbio mais alto, após ter amargado problemas em 2020 com a disparada do dólar frente o real.

Segundo o Sindiveg, de janeiro a dezembro de 2020, a perda cambial foi de 18,5% para o setor, que importa cerca de 95% de suas matérias-primas.

“Devido à consistente variação cambial, não conseguimos fazer o repasse integral do aumento dos custos, algo que deve acontecer este ano”, afirmou o executivo, acrescentando que muitas companhias negociaram com menores margens ou fecharam o período com prejuízo.

Ele observou que o setor lida atualmente com desafio de aumento de preços de matérias-primas da China de todos os insumos, bem como de custos com logística, que dobraram por escassez de contêineres e navios.

“Todo negócio que fechamos em janeiro já tivemos impacto de custos, ninguém esperava impacto de custo agora, de matéria-prima e logística, e acho que o produtor quer se proteger disso”, comentou, em referência à antecipação de negócios registrada neste início de ano.

Mais Aplicações

Em 2020, o faturamento da indústria no Brasil caiu 10,4%, para 12,1 bilhões de dólares, apesar de os agricultores terem investido mais no controle de pragas, doenças e plantas daninhas e aumentado a área plantada na temporada 2020/21.

A área tratada com defensivos aumentou 6,9% no país em 2020 ante 2019, para 1,6 bilhão de hectares, de acordo com levantamento exclusivo encomendado pelo Sindiveg à Spark Consultoria Estratégica, que considera quantas vezes uma mesma área recebeu aplicações.

O combate aos insetos envolveu maior área tratada em 2020. Foram mais de 413 milhões de hectares, cerca de 25% do total. Em seguida, aparecem os herbicidas, com cerca de 401 milhões de hectares (24%), e os fungicidas, com 306 milhões de hectares (19%). Outros 149 milhões de hectares receberam aplicações de produtos para o tratamento de sementes (9%), disse o Sindiveg.

Principal cultura brasileira, a soja concentrou 48% do valor investido por agricultores em defensivos agrícolas: 5,8 bilhões de dólares. Em segundo lugar, aparece o milho, com 13% do total. Na sequência vêm a cana (11%), o algodão (10%), as hortaliças e frutas (4%), a pastagem e o café (ambos com 3%).

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