Servidores do Banco Central mantêm paralisação para o próximo dia 9
Os servidores do Banco Central (BCB) decidiram manter a paralisação prevista para o dia 9 de fevereiro. Segundo o sindicato da categoria, o Sinal (Sindicato Nacional dos do Banco Central), a conversa com Roberto Campos Neto, presidente da instituição, está sendo produtiva e positiva.
Ainda assim, Fábio Faiad, presidente do Sinal, destaca que as últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro, do deputado Ricardo Barros e do ministro Paulo Guedes teriam sugerido que o reajuste salarial seria dado somente para os policiais federais, o que exclui os servidores do Banco Central.
“Acreditamos que a fala do Bolsonaro durante entrevista para a Jovem Pan e a fala do Ricardo Barros que saiu nos jornais mostram que eles ainda não abandonaram a ideia. Parece que tem um grupo no governo que quer cancelar o reajuste para todo mundo e um grupo que ainda insiste e manter o reajuste apenas para os policiais”, diz.
O sindicato anunciou que no dia da paralisação podem acontecer a interrupção parcial do atendimento ao público, da distribuição de células, da manutenção de sistemas informatizados e da prestação de informações para o sistema financeiro.
Caso não tenham uma resposta do governo sobre o tema na primeira quinzena de fevereiro, os servidores passarão a debater uma possibilidade de greve por tempo indeterminado a partir do dia 9 de março.
Procurado pelo Money Times, o Banco Central disse que não comentará o assunto.
Entenda o caso
A categoria se manifestou na última terça-feira (18) como forma de protesto por conta dos reajustes.
Segundo o sindicato, foi atingida a meta de 50% de paralisação, somando os trabalhadores presentes em Brasília (DF) e aqueles que desligaram seus computadores em casa para participar da assembleia virtual. Para o dia 9, o intuito é aumentar a adesão para 65%.
Os servidores reivindicam um reajuste salarial que reponha a perda com a inflação nos últimos anos, além da reestruturação de Carreira de Analistas e Técnicos do BC (demandas sem impacto financeiro).
Em carta a Paulo Guedes, ministro da Economia, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) afirmou que 80% dos servidores acumulam perdas inflacionárias desde 2017, já os outros 20%, desde 2019.
A resposta por parte dos trabalhadores veio após o ministro da Economia Paulo Guedes, pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro, enviar um ofício ao Congresso Nacional em dezembro de 2021 pedindo R$ 2,86 bilhões no Orçamento de 2022 para reajustar o salário de policiais federais.
Na terça-feira (18), o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que não havia espaço no Orçamento da União para a concessão de reajuste salarial para servidores públicos.
O que disse Bolsonaro
Na última quarta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro declarou que existe a possibilidade de que servidores públicos federais sejam contemplados com um reajuste salarial no próximo ano.
Em entrevista ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, o presidente afirmou que os servidores merecem reajuste, mas disse que não há folga no Orçamento da União no corrente ano.
*Com Reuters