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Série Ativos Digitais: Introdução ao mundo das criptomoedas, tokens e NFTs

11 set 2024, 11:51 - atualizado em 11 set 2024, 11:51
Criptomoedas
(Imagem: iStock.com/D-Keine)

Após diversos pedidos, lanço esta série de artigos sobre um tema que tem capturado minha atenção ultimamente: ativos digitais. Neste primeiro, apresento uma introdução ao mundo das criptomoedas, tokens e NFTs para, depois, explorar regulação e desafios atuais, além de teorias políticas e econômicas que rodeiam o assunto.

De acordo com dados divulgados em julho deste ano pela empresa de consultoria Triple A, o Brasil encerrou 2023 com cerca de 26 milhões de investidores em criptomoedas. A previsão é que, com a diversificação orgânica vinda do crescimento do setor e da gradual regulação, este número triplique a cada dois anos a partir de agora.

O número de investidores em cripto já ultrapassa os cerca de 20 milhões de participantes no mercado de renda variável registrados na B3, projetando o Brasil como um dos maiores mercados do mundo e ficando atrás de países como China (59 mi de investidores) e Estados Unidos (52 mi).

O valor total do setor já ultrapassa US$ 3 trilhões, sendo o Bitcoin responsável pela metade da capitalização dessa quantia. Apesar de ambos os conceitos dispensarem apresentações, a abrangência dos ativos digitais não para por aí: as criptomoedas fazem parte de uma ampla gama da família que concentra o universo das finanças e tecnologia blockchain.

Alguns dos exemplos de ativos digitais englobam:

NFTs ou tokens não fungíveis: são únicos e não podem ser substituídos ou trocados por outro ativo idêntico de mesmo valor. Eles funcionam como certificados de propriedade de bens digitais, permitindo a autenticação para provar que o ativo é genuíno. Artistas frequentemente usam NFTs para vender artes e gravações de mídia, pois oferecem direitos de propriedade e permitem que os criadores protejam seu trabalho.

Stablecoins: trata-se de moedas digitais cujo valor é atrelado a outra moeda, commodity (como ouro ou petróleo) ou instrumento financeiro, com o objetivo de minimizar a volatilidade de preços e manter a estabilidade econômica.

CBDCs (Central Bank Digital Currencies): são moedas digitais sancionadas por instituições financeiras governamentais e estão vinculadas ao valor da moeda fiduciária oficial da nação emissora. Distintas de criptomoedas descentralizadas como Bitcoin e Ethereum, as CBDCs são benéficas porque se concentram em fornecer pagamentos mais rápidos, aumentar a inclusão financeira e melhorar as ferramentas de política monetária para os bancos centrais.

O Yuan Digital é um exemplo proeminente de CBDC, lançado pelo Banco Popular da China para aumentar a inclusão e estabilidade monetária da nação. No Brasil, nossa moeda digital se chamará DREX, cujo cronograma e impactos serão tema de um próximo artigo.

Tokens: ainda que compartilhem várias semelhanças com criptomoedas, não devem ser confundidos com elas, pois são uma classe distinta de bens. Embora os usuários possam negociar tokens via blockchain, estes também podem ser usados para representar ativos mais tradicionais, como imóveis ou obras de arte.

Títulos digitais: são instrumentos de dívida emitidos por um tomador de empréstimo (como uma empresa ou governo) para levantar capital, que é então emprestado ao tomador por um período fixo a uma taxa de juros também fixa. Embora os títulos digitais sejam semelhantes às ofertas tradicionais, com o mesmo propósito de fornecer um investimento de baixo risco e baixo retorno, eles se distinguem pelo fato de que todo o processo de emissão, negociação e liquidação é realizado online via blockchain. Essa funcionalidade permite um processo mais simplificado e eficiente em comparação com os títulos tradicionais, tornando-o mais rápido e barato.

Tendência de alta, consolidação e desafios Os ativos digitais têm se tornado uma parte cada vez mais importante da economia global, oferecendo novas oportunidades de investimento, inovação e eficiência. É esperado que, até 2030, metade do valor que circula mundialmente seja transacionado através desse meio. No mundo, já são quase 500 milhões de investidores de ativos digitais, com o mercado americano sendo o que mais cresce.

Além dos investidores individuais, uma parcela crescente do mercado de criptoativos está sendo impulsionada por investidores institucionais, como fundos de investimento, seguradoras e empresas públicas. Grandes companhias como Tesla e MicroStrategy fizeram investimentos significativos em Bitcoin e diversos ETFs (fundos negociados em bolsa).

Como qualquer tecnologia emergente, porém, os ativos digitais apresentam um conjunto único de vantagens e desvantagens. Entre os pontos positivos, esses bens digitais possuem acessibilidade global, ou seja, podem ser acessados de qualquer lugar do mundo com uma conexão à internet. Isso democratiza a possibilidade de investimentos e serviços financeiros, permitindo que pessoas de regiões sem serviços bancários tradicionais participem do sistema econômico mundial.

Além disso, trazem não só menores custos de transação, ao eliminar alguns intermediários, mas também oferecem maior transparência e segurança. A tecnologia dos ativos digitais é apoiada em blockchain, que proporciona um alto nível de integridade. Todas as operações são registradas em um livro-razão distribuído e imutável, o que reduz o risco de fraude e manipulação.

Como desafios, vejo principalmente a volatilidade das criptomoedas, junto com uma falta de regulação, já que esses ativos, em particular, são conhecidos por sua alta instabilidade.

Seu valor pode flutuar drasticamente em um curto período, o que pode levar a perdas significativas para investidores menos experientes.

A regulamentação dos ativos digitais varia amplamente entre diferentes países e ainda está em evolução. Essa falta de uniformidade gera incertezas que podem ser obstáculos para a adoção em massa, e mudanças súbitas nas leis podem impactar negativamente os mercados de ativos digitais.

Outro ponto é que, embora as transações de blockchain sejam seguras, os usuários ainda estão expostos a riscos como hacking, phishing e perda de chaves privadas. Caso uma carteira digital seja comprometida, é muito difícil recuperar os ativos roubados.

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Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
marilyn.hahn@moneytimes.com.br
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Co-founder e CRO do Bankly desde 2019. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010); intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010); MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012); MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014); Mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atua desde 2014 no mercado financeiro e aborda os seguintes temas: Banking as a service, Open Banking, embedded finance, pix, moedas digitais, finanças descentralizadas, fintechs, empreendedorismo feminino, entre outros.
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