Sergio Moro acerta filiação ao União Brasil e deve desistir de candidatura à Presidência, diz deputado
O ex-juiz da operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça do presidente Jair Bolsonaro, Sergio Moro, decidiu nesta quinta-feira trocar o Podemos pelo União Brasil e deve desistir da candidatura à Presidência para concorrer a deputado federal por São Paulo, segundo o também deputado federal pelo União Brasil Alexandre Leite (SP).
O parlamentar disse à Reuters que estava aguardando Moro que está na capital paulista para se filiar à legenda.
Segundo Leite, o ex-juiz, que aparece em terceiro lugar nas sondagens eleitorais para o Planalto não vai mais concorrer ao Palácio do Planalto e vai ser candidato a deputado federal por São Paulo.
“Estamos esperando ele aqui para se filiar. É um ótimo quadro para o partido”, afirmou.
Questionado sobre a candidatura de Moro à Presidência, Leite respondeu: “Não, só candidato a deputado federal”.
Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa de Moro não respondeu de imediato a pedido de comentário sobre as declarações de Leite.
A eventual candidatura de Moro a deputado federal seria uma reviravolta para as pretensões políticas do ex-magistrado que ficou internacionalmente conhecido pelo trabalho à frente da Lava Jato em Curitiba.
O ex-juiz se filiou ao Podemos em novembro do ano passado, ocasião em que se lançou pré-candidato ao Planalto.
Mas desde então, apesar de aparecer como o terceiro colocado nas pesquisas sobre a corrida presidencial, não deslanchou nas intenções de voto.
A troca do Podemos para o União Brasil partido que nasceu da fusão do PSL com o DEM poderia lhe dar uma maior estrutura de campanha, caso ainda queira concorrer ao Planalto.
Uma fonte do União Brasil com conhecimento do assunto, que pediu para não ser identificada, destacou que não há uma decisão nesse sentido tomada nem qualquer imposição da cúpula do União Brasil para Moro abrir mão da disputa ao Planalto.
Em entrevista exclusiva à Reuters em fevereiro, Moro havia defendido uma rápida aglutinação da terceira via em torno de uma única candidatura ao Palácio do Planalto para enfrentar o que considerava “extremos” nas eleições de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na ocasião, o ex-juiz da Lava Jato disse que a aglutinação teria de se dar em torno de projetos e sugeriu que o critério devesse ser o desempenho nas pesquisas.
O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, já disse à Reuters ter interesse numa única candidatura presidencial que pudesse unir a legenda, o MDB e o PSDB.
Um dos principais entusiastas da candidatura presidencial de Moro, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) defendeu nesta quinta que os quatro partidos PSDB, MDB, União e Podemos decidam por uma única candidatura desse grupo em junho. “É mais uma tentativa que se faz e não sabemos que haverá sucesso”, disse ele.
O movimento de Moro, que foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, ocorre no momento em que outro pré-candidato, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também poderia desistir da corrida ao Planalto, segundo informações divulgadas nesta quinta na mídia.