Será que — ainda — dá para ser otimista?
Por Roberto Ribas*
Se você leu meu último artigo e acompanhou o noticiário nas semanas seguintes, talvez esteja pensando: “Ribas, como você pode falar em otimismo com tudo isso?”. Sua dúvida é justa, considerando a sucessão de fatos que vimos sobre o cenário econômico no Brasil e no mundo.
E não foram poucas as turbulências. Uma semana depois da minha coluna, veio o Fato Relevante das Americanas, que surpreendeu o varejo com uma dívida de enormes proporções, um pedido de recuperação judicial e impactos em toda a cadeia de fornecedores.
No país e mundo afora, das startups às grandes companhias, vemos uma série de demissões. Mais de 50 mil foram afetados por cortes em gigantes como Amazon, Google, Meta, Microsoft e Twitter. E outros layoffs devem vir por aí nas semanas seguintes, pelo que se rumora no mercado.
Diante disso tudo, volta a pergunta do meu texto anterior: como ser otimista em 2023? Respondo com os mesmos pontos que abordei em janeiro — e trago um dado a mais, apresentados pelo Painel Marketing Trends, da Kantar Ibope Media e Meio&Mensagem.
Marketing e marcas
Em que pese as turbulências, 66% dos CMOs preveem aumento de investimento neste 2023, na comparação com todo o ano passado. Os executivos de Marketing estimam alocar mais recursos em mídias como vídeo online (66,6%), formatos digitais (63,2%), redes sociais (63,8%) e influenciadores (63,2%).
O levantamento também questionou pontos de atenção para os líderes de marketing neste ano. Além do desempenho econômico nos negócios, que lidera com 71,4%, a experiência do consumidor/cliente está no topo das preocupações dos CMOs, com 54,3% de menções.
E aqui reforço o ponto que tratei na coluna passada: a experiência é chave para as marcas, sobretudo num cenário de incertezas como este. É preciso estar conectado com o que o consumidor espera e necessita, agregando valor ao que é ofertado ao cliente. Isso torna a conexão mais orgânica, forte e menos suscetível às intempéries.
Cada crise sempre foi uma catalisadora da criatividade — e a pandemia, como nenhum outro momento, mostrou isso de forma cristalina. Usou-se a tecnologia para propor novas experiências, reforçar vínculos com os clientes, manter as marcas ativas, fortes e essenciais para o consumidor, mesmo com a limitação do movimento.
Como ainda ser otimista?
Não é diferente agora. O noticiário não é bom, certamente temos de avançar com cautela, mas isso não pode nos imobilizar — nem sua marca. Correções de rumo devem sempre ser feitas, mas de acordo com o planejamento do negócio e buscando eficiência nos processos e na governança.
Com isso, há espaço para movimento e, principalmente, para inovar, fazendo seu negócio responder ao cenário com criatividade, fortalecer seu valor e, sobretudo, seu propósito junto ao consumidor, nunca deixando sua essência de lado naquilo que é realizado.
Portanto, o ano de 2023 está apenas começando. Como ainda ser otimista? Com visão, responsabilidade, olhando para a big picture, além das manchetes de cada dia. E tendo a capacidade de se reinventar, propondo novas ideias para os desafios de hoje e amanhã. Sigamos em frente.
*Roberto Ribas é Chief Strategy Officer e membro do conselho da Brivia. Com 22 anos de experiência, ao longo da trajetória, concebeu a metodologia BXM (Brand Experience Management) e sempre esteve na liderança de times multidisciplinares, na concepção e desenvolvimento de projetos de estratégias de marca e transformação digital para grandes marcas. Atuou no fortalecimento do setor, sendo co-fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Agências Digitais (ABRADi/RS). É formado pela UFRGS e tem especialização em Marketing pela ESPM.