Ser Educacional se saiu melhor que o previsto no 4º trimestre, mas problemas não terminaram
O resultado da Ser Educacional (SEER3) do quarto trimestre de 2020 mostrou certa resiliência mas, por outro lado, também escancarou os estragos provocados pela Covid no setor.
A empresa apurou lucro líquido ajustado de R$ 32,5 milhões. O resultado é 6,7% menor que o de igual período do ano retrasado. No acumulado de 2020, o lucro ajustado ficou em R$ 120,1 milhões, com recuo de 36,7% sobre 2019.
A XP Investimentos destaca que as menores provisões para devedores duvidosos deram uma força na margem Ebitda, ajudando o indicador a se manter estável e 5 pontos percentuais acima do esperado.
No entanto, houve uma deterioração de 37% nos dias de contas a receber líquidos, que saltaram para 118 dias no quarto trimestre, ante os 86 dias do ano passado, destaca o analista Vitor Pini.
A base de alunos presencial ficou em 137 mil alunos, 10% abaixo do ano anterior e 1% acima das estimativas da XP.
Já o ensino a distância teve um salto de 71% no número de alunos, que atingiu 54 mil, 15% acima do estimado pela corretora.
“Em suma, em um trimestre repleto de eventos não recorrentes, a Ser apresentou margens melhores do que o esperado com a redução na provisão para devedores duvidosos, mas o aumento acentuado no ciclo de recebíveis é uma preocupação”, destaca.
Segmento presencial tira o brilho do EaD
A Ágora Investimentos destaca que os resultados da Ser ainda refletiram a pressão da crise da Covid-19, mas mostraram tendências positivas no segmento de EaD (ensino a distância), com a maior penetração de novos cursos digitais.
A receita presencial totalizou R$ 287 milhões, em linha com as estimativas, mas 6% inferior ao ano anterior.
“Quando olhamos os tickets médios do segmento, eles se mantiveram estáveis em relação ao ano anterior, mas caíram 2% excluindo aquisições, principalmente devido aos efeitos negativos da crise do Covid-19”, afirmam Fred Mendes e Flávia Meireles.
A receita líquida de ensino a distância foi de R$ 36 milhões, um aumento de 66% em relação a 2019 e em linha com o estimado pelo Bradesco BBI.
“Embora os resultados da Ser tenham permanecido sob pressão no quarto trimestre em relação ao ano anterior, vimos tendências positivas para a empresa na divisão EAD, que ainda representou apenas 9% da receita líquida em 2020”, observam.
Já o analista da XP argumenta que, de qualquer forma, o foco de curto prazo deve ser o ciclo de captação de 2021, “que provavelmente será impactado negativamente pela segunda onda da Covid no Brasil, que em nossa opinião é a causa da pressão de curto prazo sobre as ações que devem permanecer até que tenhamos uma visão mais clara vista sobre o impacto da Covid nas captações”.
A Ágora manteve a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 21, potencial de valorização de 81%. Já a XP tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 17.