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Ser Educacional: 2º trimestre foi apenas um bom momento, e não justifica investir na ação

25 ago 2020, 19:43 - atualizado em 25 ago 2020, 19:50
Educação
O cenário difícil para a receita no segmento de graduação, com base de alunos potencialmente ainda mais pressionada, impedem uma visão mais otimista para o setor, dizem analistas (Imagem: Unsplash/@ruben18rodriguez)

O lucro líquido de R$ 54,7 milhões da Ser Educacional (SEER3) não foi suficiente para o BTG Pactual alterar a sua recomendação para as ações de neutra para compra, mostra relatório enviado a clientes nesta terça-feira (25).

De acordo com os analistas Samuel Alves e Yan Cesquim, que assinam o relatório, o cenário difícil para a receita no segmento de graduação, com base de alunos potencialmente ainda mais pressionada, impedem uma visão mais otimista para o setor.

A receita líquida da companhia foi de R$ 343 milhões, superando em 2% as expectativas. O Ebitda ajustado IFRS 16 (excluindo ganhos não recorrentes de R$ 3,6 milhões) de R$ 109 milhões, 35% acima do previsto pelos analistas, cresceu 23%, puxado pelo controle rígido sobre as despesas gerais e administrativas.

“Essa economia mais do que compensou os PDDs mais altos (dobrando para R$ 47,5 milhões). Apesar do menor crescimento orgânico na base de alunos, a margem Ebitda ajustada cresceu 510 pontos percentuais, para 31,7%”, afirmaram.

De acordo com a dupla, não houve surpresas em relação ao ticket médio presencial, que ainda representa 90% da receita geral e caiu 3%, afetado pela Uninorte. No EAD, o ticket médio continuou pressionado, afirmaram.

Margens positivas, mas passageiro

A Ser também divulgou dados gerenciais, dividindo o Ebitda ajustado por segmento (presenciais, novas unidades, Uninorte e EAD).

O lucro da Ser só possível graças à consolidação da Uninorte, afirmou o Credit Suisse (Imagem: Facebook/Ser Educacional)

“As margens nos surpreenderam, principalmente na recém-adquirida Uninorte, com 42,4% de margem Ebitda ajustada, apesar da alavancagem operacional mais fraca do ativo, sugerindo novamente que parte da economia relacionada à Covid-19 provavelmente não será recorrente”, argumentaram.

Não se iluda com o lucro

O lucro da Ser só possível graças à consolidação da Uninorte, afirmou o Credit Suisse 

“Excluindo a Uninorte, a Ser perdeu 8,5% de seus estudantes presenciais (primeiro semestre de 2020 versus primeiro semestre de 2019)”, destacou Mauricio Cepeda, autor do relatório divulgado pelo banco aos clientes.

“A queda reflete os impactos negativos da compressão da renda no setor de ensino superior, que foi agravado pela crise da covid-19”.

O Credit Suisse reconheceu que a companhia conseguiu minimizar os efeitos da redução do número de alunos ao reajustar os custos e as despesas. No entanto, a pressão sobre a base estudantil deve continuar. Além disso, existem limites para a redução dos gastos.