Senadores pedem vacina e coordenação da crise após anúncio de novo ministro
O anúncio do médico Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde repercutiu entre os senadores. Pelas redes sociais, os parlamentares pediram que o gestor priorize a vacinação em massa da população brasileira e busque estabelecer uma coordenação nacional para conduzir o pior momento da pandemia de covid-19 no país.
A divulgação do quarto ministro da Saúde no período de crise sanitária foi feita pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, na noite de segunda-feira (15). Ele assume o cargo no lugar do general Eduardo Pazuello, que permaneceu na condução da pasta por nove meses.
“Desejo uma excelente gestão ao médico Marcelo Queiroga, novo ministro da Saúde. Que os entraves que atrasam a vacinação em massa sejam superados já. Para salvar vidas e recuperar a economia, a imunização é o caminho!”, desejou pelo Twitter o senador Fernando Collor (Pros-AL).
Para a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) é fundamental que a mudança de nome indique também um posicionamento diferente do governo federal na condução da crise. Ela defendeu a autonomia do ministro para executar um planejamento baseado na ciência.
“Que o novo ministro tenha total autonomia no comando do Ministério da Saúde. Enquanto o governo não entender que a ciência precisa ser colocada à frente de ideologia política, continuaremos a ver o número de mortes crescendo exponencialmente. Basta de irracionalidade”, disse.
O líder do PT, senador Paulo Rocha (PA), também criticou as influência ideológicas na atuação do Ministério da Saúde.
“Que o novo ministro Marcelo Queiroga tenha, de fato, autonomia para promover as ações necessárias para tirar o país da mais grave crise sanitária da sua história. Chega de ideologias. Esta nação precisa de medidas de saúde pública pautadas na seriedade e na ciência”, ressaltou.
Já o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB), disse que o ministro dará uma nova orientação no enfrentamento da pandemia, investindo no diálogo com governadores e prefeitos além da aquisição de vacinas, ações que, segundo ele, estimularam críticas ao general Pazuello e subsidiaram pedidos de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.
“A troca no Ministério da Saúde atende uma das preocupações que motivaram o pedido de CPI no Senado. O momento é tão crítico, que exige união e diálogo para adotar todas as medidas necessárias para salvar vidas e enfrentar o colapso dos sistemas de saúde”.
Na avaliação do senador Cid Gomes (PDT-CE), a nomeação do quarto ministro da Saúde em plena pandemia atesta a “incompetência do governo Bolsonaro”.
“O general destrambelhado, que deixa o cargo depois de 280 mil mortes, mancha também o nome do Exército. O povo quer eficiência e não politicagem barata”, criticou.
Do mesmo estado do novo ministro, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) acredita que por ter um perfil técnico, Marcelo Queiroga conduzirá a pasta de forma diferente.
“Desejo aqui meus votos de sucesso ao médico paraibano Marcelo Queiroga, novo ministro da Saúde. Não apenas na condição de conterrâneo, mas de quem conhece os seus valores profissionais, fato que nos dá a tranquilidade de que terá uma postura diferente na condução do Ministério da Saúde”.
Coordenação
Na avaliação dos senadores, Marcelo Queiroga chega ao cargo no momento mais crítico da pandemia, quando se exige união de esforços entre todos os Poderes da União, órgãos públicos, estados e municípios.
Eles defenderam que o ministro possa assumir a condução de um plano eficiente e a coordenação das ações de prevenção, assistência e vacinação em todo o país.
“Além da ampliação urgente de leitos de UTI, seja em hospitais de campanha ou na rede já existente, [é preciso haver] profissionais de saúde e estrutura para atendimento imediato já nos primeiros sintomas. Que tenhamos, enfim, uma coordenação nacional”, desejou o senador Dario Berger (MDB-SC).
O pedido foi reforçado pelo senador Alvaro Dias (Podemos-PR).
“Após o anúncio de Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde, governadores pediram que a nova gestão seja marcada por uma coordenação nacional no combate à pandemia do novo coronavírus. O número de pessoas vacinadas contra a covid-19 no Brasil chegou hoje [segunda-feira] a 10.081.771, o que representa 4,76% da população total”.
Perfil
Marcelo Queiroga é natural de João Pessoa e se formou em medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele fez especialização em cardiologia no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro. Sua área de atuação é em hemodinâmica e cardiologia intervencionista. Atualmente, Queiroga é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Já passaram pela pasta, neste período de pandemia, os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, seguido depois por Eduardo Pazuello, do Exército.
Um dos principais desafios do novo ministro, a vacinação, ainda está em processo lento. Até agora, o Brasil vacinou 4,59% da população com a primeira dose de imunizantes, percentual que corresponde a 9,7 milhões de pessoas. O país acumula, até o momento, mais de 279 mil mortes por covid-19.