Internacional

Semana Trump: adia imposição de taxas, abandona cúpula e derruba petróleo

01 mar 2019, 19:55 - atualizado em 01 mar 2019, 19:55

Por Investing.com – As negociações entre EUA e China para encerrar disputas comerciais continuaram nesta semana em Washington, após as conversas em Pequim na semana passada. Os investidores internacionais precificaram que algum acordo, pelo menos, terminaria o aumento de tarifas de importação dos dois países após o presidente dos EUA Donald Trump adiar, no início da semana, o aumento de tarifas em US$ 200 bilhões de importações chinesas, que se iniciariam em 1/3. Além disso, a China havia prometido compras adicionais em US$ 1,2 trilhão de produtos americanos na sexta-feira da semana passada (22).

Até meados da semana o sentimento era de um desfecho positivo, com expectativa de um acordo que incluísse até temas mais específicos, como propriedade intelectual e roubo cibernético, principal insatisfação dos americanos com os chineses há décadas, mas intensificada retoricamente por Trump.

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Na quinta-feira, a perspectiva se deteriorou e a preocupação dominou os investidores, derrubando os índices acionários americanos mesmo com dados positivo do PIB dos EUA em 2018, que cresceu 2,9%. Mesmo assim, a alta de sexta-feira garantiu avanço acumulado na semana de 0,39% do S&P 500 e de 0,90% da Nasdaq, mas Dow Jones caiu 0,01%.

Também na quinta-feira, Trump abandonou o encontro com o líder norte-coreano Kim Jong-un para tratar da desnuclearização da península coreana, o que influenciou negativamente na precificação dos ativos. Apesar de elogiar Kim, Trump se retirou discordando em levantar todas as sanções americanas sobre o regime norte-coreano, afirmando que prefere “fazer [um acordo] certo a rápido”.

O presidente americano foi destaque no mercado petrolífero, ao pressionar no Twittera Opep e seus aliados a rever o corte de produção anunciada em dezembro, assim permitindo a redução do preço do petróleo. O tweet foi na terça-feira, derrubando o hidrocarboneto em 3%. Mas a reação da Arábia Saudita e seus aliados e a disposição de enfrentar Trump garantiram o aumento do petróleo em meados da semana, junto com a elevação influenciada também por redução dos estoques americanos de petróleo bruto.

Na sexta-feira, entretanto, a commodity caiu após anúncio do Departamento de Energia de liberar 6 milhões de barris de emergência da Strategic Petroleum Reserve (SPR). No acúmulo da semana, o WTI perdeu 2,6% a US$ 55,77 e o Brent despencou 3,32% a US$ 64,89.

Entretanto, seguem preocupações com a desaceleração das principais economias globais, que podem limitar a efetividade das medidas da Opep e aliados de aumentar o preço internacional do petróleo. Na sexta-feira, por outro lado, foram divulgados dados referentes à atividade industrial chinesa e índices de confiança na Europa. Apesar dos números negativos, vieram menos ruins que o esperado, dando um alívio aos mercados na manhã de sexta-feira.

O mesmo não pode ser dito aos dados da atividade industrial da China, que continuaram se deteriorando. Além disso, os investidores seguem atentos ao sistema bancário paralelo do país . Mas este não foi o evento significativo na Ásia. A escalada de confronto entre Índia e Paquistão trouxe apreensão nos mercados asiáticos, com a consequente valorização do iene japonês por ser um ativo porto-seguro da região.

Mas na sexta-feira as hostilidades entre os inimigos históricos do sub-continente indiano – e detentores de armas nucleares – se arrefeceram, com o Paquistão prometendo a entrega de um piloto preso após o abate de dois aviões da Força Aérea Indiana.

Na Europa, o Brexit voltou ao centro das atenções. A menos de mês para saída da Grã Bretanha da União Europeia, há expectativa de adiamento da data devido à não-aprovação pelo Parlamento britânico de acordo que estabeleça as novas regras de relacionamento da ilha com o continente e, especialmente, da complicada fronteira entre a Irlanda do Norte e a Irlanda.

A chanceler da Alemanha Angela Merkel considera o adiamento para que os britânicos possam chegar a um entendimento sobre o processo de saída. Já a primeira-ministra britânica Theresa May vai levar à votação de que não haverá saída da UE sem acordo, enquanto o opositor Partido Trabalhista vai propor a realização de um segundo referendo, mas sem estabelecer a pergunta.

Nos EUA, o chairman do Fed deu depoimento nas duas Casas legislativas, reiterando a política paciente da autoridade monetária de continuar a elevação das taxas de juros e o fim da redução de balanço do banco. No mercado acionário, Warren Buffet afirmou, na segunda-feira, que pagou caro na fusão da Kraft Foods com a Heinz, um negócio que o bilionário de 88 anos realizou com os investidores brasileiros da 3G Capital em 2015.