Mercados

Semana terá pesquisas, Bolsonaro, confirmação de Haddad, juros na Turquia, inflação dos EUA e Argentina

09 set 2018, 22:24 - atualizado em 09 set 2018, 22:24

Por Arena do Pavini – O mercado financeiro abre a semana, que promete ser agitada, de olho na política e nas eleições. A começar pelo ajuste dos investidores aos desdobramentos do atentado contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ocorrido no fim do pregão de quinta-feira, às 16 horas, pouco antes do fechamento do Índice Bovespa (17 horas) e dos mercados futuros de juros e dólar (18 horas). Há ainda o efeito dos dados de emprego nos EUA e das novas ameaças do presidente americano Donald Trump de elevar as tarifas sobre importação de produtos chineses em mais US$ 267 bilhões, divulgados na sexta-feira, durante o feriado de Sete de Setembro, Dia da Independência no Brasil.

Está prevista já para esta segunda-feira a divulgação de pesquisa do Instituto Datafolha, que já seria importante ao trazer a reação dos eleitores após a primeira semana da propaganda eleitoral em rádio e tevê, e que ganha ainda mais relevância após o atentado contra Bolsonaro. Analistas e investidores também acompanham atentamente a movimentação do PT, que deve oficializar Fernando Haddad para substituir Luiz Inácio Lula da Silva, que segue preso em Curitiba, como candidato do partido à Presidência da República.

Ontem, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Roberto Barroso, ameaçou suspender a propaganda política do PT se o partido insistir em mostrar Lula como candidato. Haverá ainda as reações às declarações do ministro do Exército, general Eduardo Villas Boas, que disse que o atentado pode provocar questionamentos sobre a legitimidade do próximo presidente.

Semana importante para pesquisas e olho no dólar

A semana que vem será um momento importante porque já terá se passado mais de uma semana de propaganda eleitoral e será possível ver para que lado o eleitor está indo, afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados. Já o dólar é que vai dar o tom do IPCA até o final do ano, apesar da deflação registrada pelo índice em agosto. “Tornou-se, de novo, o maior risco pra inflação”, alerta. Mesmo com as margens muito apertadas, algum repasse pode acabar acontecendo se o câmbio disparar mais nas próximas semanas.

Dados de varejo e serviços devem refletir atividade moderada  em julho

Na agenda doméstica local, economistas de bancos e consultorias destacam principalmente a divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos dados do comércio e serviços relativos a julho, que saem entre quinta e sexta-feira. Na avaliação do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco, eles devem “ser  compatíveis com a atividade moderada no início do terceiro trimestre”.

Para as vendas no varejo restrito, o banco espera estabilidade na margem (variação mensal), enquanto o volume de serviços deverá mostrar ligeiro recuo na mesma métrica (-0,3%). “Esses dados, somados ao da indústria, apontam para ritmo gradual da economia no início deste trimestre”, diz a equipe em relatório.

IGP-M ainda tem pressão dos preços no atacado

Na terça-feira, lembra a equipe do banco Bradesco, será conhecida a primeira prévia do IGP-M de setembro, para a qual a instituição estima alta de 0,85%, (contra anterior de 0,70%), sinalizando a continuidade da pressão sobre os preços no atacado.

Juros na Europa e Turquia; atenção a inflação e atividade nos EUA, China e Argentina

Na agenda internacional, ressalta a equipe do Banco Fator, os comitês do Banco da Inglaterra e do Banco Central Europeu irão realizar na próxima quinta-feira, dia 13, suas reuniões de política monetária. Além da definição da taxa básica de juros, deve ser discutido o futuro programa de compra ativos de ambas as instituições.

Analistas lembram que ainda na quinta-feira estão previstas decisão de política monetária na Turquia e divulgação de dados de inflação na Argentina.

O Depec-Bradesco também dá enfase à reunião dos Bancos Centrais da Europa (BCE), da Inglaterra (BoE) e da Turquia. A análise da equipe é que a frustração recente com o desempenho da atividade e dos núcleos de inflação na área do Euro deve fazer com que o BCE traga um comunicado mais leve. “Na mesma direção, após surpreender com a alta na última reunião, o BoE tende a trazer um tom mais moderado”, avaliam os economistas.

Já para a Turquia, a expectativa do Bradesco é que o BC eleve a taxa de juros em 3,0 pontos percentuais, com objetivo de conter a recente depreciação da lira turca.

Indicadores dos EUA e China: atividade moderada

“Ainda teremos os indicadores de inflação dos EUA, que devem seguir mostrando aceleração gradual. Ao mesmo tempo, os dados de atividade de agosto na China devem apontar para moderação da economia no terceiro trimestre”, ressaltam os analistas do banco.

Tensões marcam países emergentes

A semana passada, mais curta em função do feriado de Sete de Setembro, foi marcada por tensões nos países emergentes, destacam os analistas do Fator, lembrando que a bola da vez foi a África do Sul, com resultado negativo do PIB do segundo trimestre. As negociações comercias entre EUA e Canadá continuaram difíceis e a Argentina se esforça para fechar um novo acordo com o FMI.

O dólar se valorizou frente as moedas fortes, com a procura pela moeda americana aumentando em cenário de tensões comerciais e instabilidade nos mercados emergentes. O juros dos títulos de 10 anos do Tesouro subiram nos EUA.

Dólar caiu e bolsa subiu na quinta-feira; indicador de ações mostrou alta na sexta

No Brasil, houve depreciação do real frente ao dólar, bem como das demais moedas emergentes, porém parte das perdas foram recuperadas no decorrer da semana. Na quinta-feira, o mercado tornou a ser influenciado pelos acontecimentos políticos, tanto pelo resultado da pesquisa Ibope, com avanço de Ciro Gomes e fraco desempenho de Haddad, como pelo atentado contra Bolsonaro que, segundo boa parte dos analistas, poderia ter reflexo positivo para ele na disputa presidencial. O dólar encerrou a semana no menor valor do período, a R$ 4,05.

O índice Ibovespa fechou a semana em 76.416 pontos, o que representou uma alta de 1,76% na quinta-feira, último dia de negociações. Com isso, na semana, de apenas quatro dias úteis, houve queda de – 0,34% no índice. No acumulado do ano, o Ibovespa registra uma alta de apenas 0,02%.

Já na sexta-feira, enquanto o mercado estava fechado no Brasil, o fundo com contas negociadas em bolsa  no exterior, o EWZ, que reproduz o MSCI Brazil, subiu 1,47%, indicando que pode haver uma reação positiva da bolsa brasileira hoje.

Tensão política cresce com ataque ao candidato do PSL

No cenário político, o clima de tensão e incerteza deve permanecer nos próximos dias, ainda repercutindo o atentado contra Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG). O fato levou os presidenciáveis a adotar cautela no confronto com o líder das pesquisas de intenção de voto, especialmente de Geraldo Alckmin (PSDB), que iniciou sua campanha na TV tentando desconstruir a imagem do adversário.

A repercussão do ataque ao candidato do PSL valoriza ainda mais a divulgação de nova pesquisa Datafolha, que já deverá gerar reflexos nas estratégias das principais campanhas.

PT tem até terça-feira para fazer troca do nome de Lula por Haddad

Rival de Bolsonaro, o PT deve indicar oficialmente Fernando Haddad como candidato do partido, provavelmente na terça-feira, 11, consolidando a chapa com Manuela D´Ávila (PCdoB) de vice. A substituição de Lula pelo ex-prefeito de São Paulo deve ser explorada pelos petistas junto ao eleitorado que apoia a legenda.

O candidato do PSL segue internado e não participará de debates e caminhadas no primeiro turno, limitando-se às redes sociais para divulgar fotos no hospital e declarações a seus apoiadores. O primeiro debate sem Boslonaro já foi realizado neste domingo, organizado pela TV Gazeta, Estadão, rádio Jovem Pan e Twitter.

Comandante do Exército critica acirramento da disputa

Os desdobramentos do atentado também são destaque da edição de domingo dos jornais, como o Estadão, que levou para sua manchete a entrevista com o comandante do Exército, general Eduardo Villa Bôas. O militar critica o acirramento da disputa e levanta a possibilidade da legitimidade do próximo governo – seja de direita ou esquerda – ser até mesmo questionada. Posição que pode trazer novo ingrediente ao debate, embora ele descarte qualquer possibilidade de “quebra” da ordem institucional.

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