China

Semana mais curta tem incerteza política, varejo e serviços e guerra comercial

09 jul 2018, 8:12 - atualizado em 09 jul 2018, 8:13

Apesar de mais curta e com previsões de ressaca por conta da eliminação do Brasil da Copa do Mundo, a semana — que abre com o feriado de 9 de julho (Revolução Constitucionalista de 1932) em São Paulo e sem negócios na B3 — promete agitação em dobro.

A começar por desdobramentos com a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que deferiu uma liminar para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse solto ainda no domingo (8/7), que acabou derrubada e, no mesmo dia, novamente confirmada pelo próprio tribunal.

No exterior, a atenção estará focada na guerra comercial entre China e EUA, que pode afetar os mercados de risco em países emergentes, enquanto na agenda econômica local o IBGE apresenta dados do varejo e dos serviços relativos a maio, os quais devem sinalizar melhor o impacto da paralisação dos caminhoneiros sobre a economia brasileira.

Vai e vem na soltura de Lula, complica cena política

A semana política foi precipitada por uma nova polêmica envolvendo o Judiciário. O desembargador plantonista Rogério Fraveto, do TRF-4, concedeu nesse domingo uma liminar para soltar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há três meses na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR). Pouco tempo depois, o desembargador João Paulo Gebran Neto, relator do caso do triplex no mesmo Tribunal, atendendo a uma consulta do juiz Sergio Moro, determinou que Lula continuasse preso e, no meio da tarde, Fraveto ratificou sua decisão, determinando a soltura, no prazo de uma hora, do ex-presidente da República. Até as 18h30, a disputa pela liberdade de Lula ainda continuava, com a Procuradoria Geral da República pedindo ao presidente do TRF4 que tirasse de Favreto os pedidos de habeas corpus do ex-presidente.

Até ontem, com o Judiciário em recesso, o meio político estava em compasso de espera pelo julgamento de um novo recurso da defesa de Lula, previsto para agosto. Com o ‘imbroglio’ sobre a liminar no TRF-4, novos embates jurídicos certamente devem acontecer, complicando ainda mais o cenário político, com o PT defendendo que a prisão é injusta, e fortalecendo a posição de manter a candidatura Lula à presidência. Enquanto a oposição deve defender a manutenção da prisão e a ilegalidade da candidatura do petista, em razão da Lei da Ficha Limpa.

Candidatos de olho no tempo de propaganda na televisão

Antes dos últimos acontecimentos no TRF-4, por conta da aproximação das convenções que vão definir candidaturas e coligações nas eleições de outubro, as atenções se concentravam nas movimentações dos presidenciáveis e dos partidos, de olho, principalmente, no maior tempo de televisão.

DEM dividido entre Ciro e Alckmin

Aliado histórico do PSDB, o DEM, no momento, é uma das forças que está longe de uma definição. A sigla não tem consenso sobre quem deverá se coligar, dividindo-se, principalmente, entre as candidatura de Ciro Gomes (PDT) e do tucano Geraldo Alckmin. No caso de Ciro, o presidenciável poderá ainda receber os apoios do PP e do Solidariedade. Com as atenções em Ciro, a candidatura tucana se mantém fragilizada e é até alvo de especulações sobre troca do nome do ex-governador pelo do ex-prefeito de São Paulo, João Doria.

Bradesco: retração de 0,5% no varejo e 2,4% em serviços

A equipe de analistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco avalia, em relatório, que a divulgação dos resultados das vendas no varejo e do volume de serviços em maio, que acontece entre quinta e sexta-feira, permitirá avaliação mais completa dos efeitos da greve. “O impacto sobre a indústria foi forte, mas menor do que esperado e, agora, as atenções se voltam para o comportamento dos outros setores”, dizem os economistas, que projetam retrações de 0,5% do varejo e de 2,4% em serviços. “Além da magnitude efetiva das quedas, será muito importante monitorar quanto será recuperado em junho e julho”, destacam, lembrando que informações iniciais sugerem recuperação lenta.

Efeitos negativos sobre  combustíveis e transporte

Para a consultoria Rosenberg Associados, a Pesquisa Mensal de Comércio, sob o efeito da paralisação dos caminhoneiros, deve indicar que foi afetada especialmente a venda de combustíveis, levando as vendas no varejo a recuar em maio. “O bom desempenho das vendas do Dia das Mães, anterior à paralisação, deve ter contribuído para evitar uma queda ainda maior do comércio”, escreve a equipe em relatório. Já na Pesquisa Mensal de Serviços, a previsão é que tenham sido atingidos principalmente os segmentos de transportes e serviços prestados às famílias.

Agenda externa tem dados de inflação nos EUA e na China

Na agenda internacional, analistas de bancos e consultorias ressaltam a divulgação de dados de inflação nos EUA e na China, que também apresentará, na quinta-feira, seus dados de balança comercial. A Rosenberg destaca que o índice de preços nos EUA passou a orbitar acima da meta de 2% do Fed (Federal Reserve, Banco Central americano), reflexo da subida do preço dos combustíveis no mercado internacional. “Este índice não é o preferido da autoridade monetária do país, mas serve de indicador antecedente ao PCE (sigla em inglês para o índice de preços de gastos com consumo), que é divulgado ao final do mês”, analisa a equipe.
Com o aumento das tarifas aos produtos chineses, que entrou em vigor na última sexta-feira, e sua automática retaliação, a expectativa do mercado é que bilhões de dólares em produtos devem sofrer tarifas dos dois lados.

Guerra comercial: incerteza e ameaça a emergentes

Na avaliação do Depec-Bradesco, nesta primeira fase, a elevação de 25% das tarifas de importação atinge US$ 34 bi em produtos chineses, com a segunda fase focando em US$ 16 bilhões. Os analistas destacam, em relatório, que o presidente americano também já sinalizou tributação adicional para outros US$ 200 bilhões de produtos chineses e a China, por sua vez, respondeu na mesma magnitude, com a Rússia também anunciando altas entre 25% a 40% das tarifas sobre produtos importados dos EUA, nos segmentos de construção, petróleo e mineração.
“Por enquanto os impactos das tensões comerciais sobre o crescimento mundial têm se traduzido em aumento da incerteza e queda da confiança”, escrevem, lembrando ainda que as exportações mundiais caíram 4% no 2º trimestre. “Apesar da desaceleração do crescimento mundial, os EUA continuam com crescimento forte e mercado de trabalho robusto. (…) Esse ritmo de crescimento já elevou a inflação para níveis muito próximos da meta e, recentemente, o consenso entre os diretores do Fed mudou para duas altas adicionais da taxa de juros neste ano e três altas no ano que vem”.
Tal cenário, dizem os analistas do banco, “reforça as condições mais desafiadoras para os países emergentes, tanto pelo fortalecimento do dólar quanto pelo acirramento das tensões comerciais, que podem diminuir o crescimento mundial”.

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