Mercados

Semana: Ibovespa engata 4 sessões consecutivas em queda e cede 4,36%

12 abr 2019, 19:19 - atualizado em 12 abr 2019, 19:20

Por Investing.com

Dificuldades na tramitação da reforma da Previdência e uma possível ingerência política do Palácio do Planalto na política de preço da Petrobras derrubaram o Ibovespa na semana. O pregão de segunda-feira foi a única que se encerrou no azul. De terça a sexta-feira o principal índice acionário brasileiro foi ladeira abaixo, com perda acumulada de 4,36%. O dólar encerrou a semana a R$ 3,8818, alta acumulada de 0,2143%, com cotação mínima de R$ 3,814 e máxima de R$ 3,907.

Leia abaixo os principais assuntos que movimentaram o mercado na semana:

Reforma da Previdência

Pesquisa realizada pela XP Investimentos – divulgada na terça-feira – com 201 dos 513 deputados confirmou as dificuldades de articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso para viabilizar a aprovação da reforma da Previdência. 55% dos deputados consideram a relação do governo com os parlamentares ruim, um salto em relação aos 12% em janeiro, enquanto 16% avaliam como ótima ou boa. Apenas entre os deputados que não se consideram oposição, 44% consideram o relacionamento ruim ou péssimo, ante 23% com avaliação positiva.

A pesquisa da XP também aponta que dois terços dos deputados são favoráveis a mudança na proposta de reforma do governo encaminhada ao Congresso. É mais um sinal que a economia de R$ 1 trilhão em 10 anos almejada pelo governo para as novas regras previdenciárias não seja obtida, probabilidade que o ministro da Economia Paulo Guedes começa a admitir, como em um evento dos jornais O Globo e Valor Econômico na segunda-feira.

Na quinta-feira, Rodrigo Maia foi o protagonista em torno de avaliação de probabilidade da aprovação das novas regras de aposentadoria. O presidente da Câmara Rodrigo Maia disse em evento com investidores em Nova York que a comunicação do governo com os parlamentares tem sido precária, mas estava melhorando.

Ainda falta ao governo, segundo Maia, diálogo com o Congresso, e citou que quando o presidente da República, Jair Bolsonaro, é duro com o Congresso, há reação. No mesmo evento, afirmou, entretanto, que está otimista que a proposta que visa gerar uma economia de R$ 1 trilhão em 10 anos seja aprovada, e que a retirada do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e da aposentadoria rural facilitaria o processo ir a plenário no primeiro semestre.

Já a noite de quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) estendeu a investigação contra Maia e seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, por suspeita de receber propinas da Odebrecht. Por ser um pilar para a articulação no Congresso para conseguir os 308 votos necessários no plenário para aprovação da reforma, a notícia dificulta o processo de construção de uma base política para a aprovação da reforma.

Na sexta-feira, acordo firmado na CCJ inverteu a ordem da pauta da audiência de segunda-feira na Comissão, colocando a votação do PEC do Orçamento impositivo antes da reforma da Previdência. Foi uma exigência de PP, DEM e MDB – entre outros partidos do chamado Centrão – para não obstruir a votação da Previdência, que é o objetivo da oposição. A inversão atrasa a tramitação da reforma na CCJ, mas não inviabiliza votação sua votação na semana que vem, permitindo que a votação no plenário da Câmara ainda possa ocorrer no primeiro semestre.

Já a manchete da primeira página da edição de sexta-feira do Valor Econômico informa que aumentou o apoio à reforma da Previdência na Câmara dos Deputados em relação a março. Hoje são 201 deputados favoráveis às novas regras da aposentadoria, 52 a mais que em 13 de março. São 98 com apoio total (contra 95 no mês anterior) e 103 com apoio parcial, grupo que teve a maior alta.

As ações lideraram as perdas do Ibovespa com queda de 7,75%

Petrobras

Na sessão de sexta-feira, a suspensão do ajuste de 5,7% do diesel após solicitação do presidente Jair Bolsonaro ao presidente da Petrobras trouxe desconfiança de ingerência política na Petrobras. A decisão vai trazer perdas diárias de R$ 13 milhões à Petrobras, segundo estimativa Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Por isso, as ações lideraram as perdas do Ibovespa, com queda de 7,75% a R$ 25,83 para (PETR4) e 8,54% a R$ 29,13 para (PETR3). As ADRs da Petrobras PBR negociadas em Nova York também refletiram o mau humor dos investidores com a medida e despencaram 9,29% a US$ 14,94.

O dia negativo na sexta-feira ofuscou a semana positiva à estatal, que havia confirmado a venda da TAG por US$ 8,6 bilhões para Engie (EGIE3). Além disso, o Conselho de Política Energética decidiu que a Petrobras vai receber US$ 9 bilhões referentes à cessão onerosa.

Commodities

A perspectiva de restrição de oferta beneficiou o petróleo Brent a romper os US$ 70 e fechar a semana a US$ 71,52, enquanto o WTI é cotado a US$ 63,80. Expectativa de novos cortes de produção dos países-membros da OPEP e aliados, a escalada do conflito na Líbia e sanções americanas no Irã e na Venezuela devem diminuir a oferta do hidrocarboneto e manter a perspectiva bullish.

Por outro lado, a esperança bearish de queda do petróleo reside nas incertezas em relação à demanda com a perspectiva de desaceleração econômica global. Também está no radar dos investidores o aumento da produção de fontes alternativas, como a extração de petróleo de xisto nos EUA, e os estoques elevados de petróleo também nos EUA, apesar de redução nos estoques de gasolina no país.

EUA-União Europeia: nova guerra comercial?

O presidente dos EUA Donald Trump abriu um novo flanco na guerra comercial que trava com outros países para diminuir o estrutural e bilionário déficit comercial americano na noite de segunda-feira. Trump ameaçou elevar tarifas de mercadorias produzidas na Europa em US$ 11 bilhões, produtos que vão desde alimentos até aviação, alegando que os subsídios de governos europeus à Airbus estariam prejudicando a competitividade da Boeing.

A União Europeia, na terça-feira, ameaçou retaliar os EUA na mesma moeda, sob o argumento de que a ameaça tarifária foi uma medida unilateral fora da órbita da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na sexta-feira, o bloco europeu anunciou que as sobretaxas sobre produtos americanos podem chegar a 20 bilhões de euro

Na verdade, o imbróglio foi mais um capítulo na complexa disputa de 14 anos entre americanos e europeus em relação à ajuda governamental às suas indústrias aeroespaciais.

Netshoes

A Netshoes é cobiçada por outras varejistas com atuação no Brasil. B2W (BTOW3), Magazine Luiza (MGLU3) e Mercado Livre buscam a aquisição do e-commerce de moda esportiva que está avaliada em US$ 107 milhões, de acordo com levantamento da XP Investimentos, que não leva em consideração um eventual prêmio e incluí a dívida e o valor de mercado. As informações são do Valor Econômico

IPCA

No Brasil, o IBGE divulgou o índice oficial de inflação que baliza as decisões de política monetária do Banco Central na quarta-feira.

Em março, o IPCA surpreendeu e subiu 0,75% na base mensal. No acumulado em 12 meses, o índice acelerou para 4,58% e ficou acima do centro da meta de inflação de 4,25%, dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Diretores do Banco Central aguardavam aceleração do IPCA no início do ano por causa da sazonalidade, mas não havia mencionado sobre ultrapassar o centro da meta. Por outro lado, o núcleo da inflação, que exclui itens voláteis, mostrou bom comportamento, acelerando de 0,15% em fevereiro para 0,31% em março.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar