Coluna da Alessandra Velloso

Semana de Copom: Alta da Selic pode agravar inadimplência em 2025

27 jan 2025, 6:30 - atualizado em 24 jan 2025, 11:32
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Como reflexo da combinação juro alto, inadimplência e inflação, o número de pedidos de recuperação judicial bateu recorde em 2024. (Imagem: iStock/Dilok Klaisataporn)

O Brasil enfrenta um cenário econômico desafiador, marcado por taxas de juros elevadas que encarecem as dívidas e pressionam a saúde financeira das famílias. O ano se encerrou com quatro em cada dez brasileiros adultos (41,51%) negativados, conforme dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A expectativa é que, em 2025, esse quadro se agrave, impulsionado pela alta da Selic.

A escalada da taxa básica de juros, de 11,25% para 12,25% ao ano, foi anunciada em dezembro pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, como medida para controlar a inflação. Outros dois aumentos estão previstos para os próximos meses, um em janeiro e outro em março. Esse cenário impacta diretamente bancos e instituições financeiras, que passam a lidar com o aumento do risco nas operações.

Em dezembro, o setor bancário representava 64,62% do total de dívidas em atraso, a maior fatia. Ainda conforme levantamento do SPC Brasil, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.432,05. Além de dificultar o pagamento dos débitos, o encarecimento do crédito desincentiva o consumo, levando pessoas e empresas a preferirem reduzir o endividamento em vez de buscar novos empréstimos.

As empresas, que muitas vezes dependem de crédito para financiar investimentos e manter o fluxo de caixa, enfrentam desafios importantes nesse cenário. Com a elevação das taxas de juros, muitas são forçadas a cortar custos e reduzir suas estruturas, o que pode implicar no aumento da taxa de desemprego. Esse efeito cascata pode afetar diversos setores, como o comércio e a indústria, que enfrentam dificuldades para manter suas operações de forma sustentável.

Como reflexo da combinação juro alto, inadimplência elevada e inflação persistente, o número de pedidos de recuperação judicial bateu recorde em 2024. Até outubro, o acumulado foi de 1.927 requerimentos — a maior quantia anual havia sido de 1.863, em 2016.

Diante desse cenário, o planejamento financeiro para este ano deve priorizar a renegociação de dívidas, especialmente aquelas com altas taxas de juros, além da construção de um fundo de emergência. É fundamental adotar cautela na tomada de crédito, pois os desafios para honrar compromissos financeiros serão ainda maiores.

Medidas voltadas à redução dos gastos públicos podem ser uma saída para uma possível queda nos juros, proporcionando alívio aos consumidores e à economia como um todo. Para que o país volte a crescer de maneira sólida e consistente, será necessário um esforço coletivo. Até lá, cabe a cada um de nós se preparar para um ano de muitos desafios financeiros, mantendo o foco no planejamento e na adaptação demandados por essa nova realidade.

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Advogada e especialista em Direito Bancário e Empresarial. Sócia-fundadora do Velloso Advogados & Associados e da Velloso Cobrança, possui mais de 20 anos de experiência no setor jurídico voltado ao atendimento de instituições financeiras e empresas. Integra a Divisão Jurídica da Federação das Empresas do Rio Grande do Sul (Federasul) e tem passagens pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
alessandra.velloso@moneytimes.com.br
Advogada e especialista em Direito Bancário e Empresarial. Sócia-fundadora do Velloso Advogados & Associados e da Velloso Cobrança, possui mais de 20 anos de experiência no setor jurídico voltado ao atendimento de instituições financeiras e empresas. Integra a Divisão Jurídica da Federação das Empresas do Rio Grande do Sul (Federasul) e tem passagens pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

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