Sem surpresas positivas esse ano: Brasil caminha para uma ‘estagflação’, apontam economistas do UBS BB
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Após surpresas no Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos, os economistas do UBS BB avaliam que o Brasil está no caminho para uma “estagflação”, ou seja, com perspectivas de desaceleração da economia com uma inflação persistente.
Na avaliação da equipe, nos últimos três ano o PIB cresceu cerca de 3% ao ano e ficado acima das projeções iniciais feitas pelos mercados. No entanto, os economistas indicam um “erro sistemático” que pode ter levado as expectativas para um viés positivo para 2025 e 2026.
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O banco projeta um crescimento de 1,3% em 2025, um número significativamente abaixo da estimativa dos economistas do Boletim Focus que é de 2%. Isso porque, nos últimos dados econômicos divulgados — como o de vendas no varejo, produção industrial, desempenho do setor de serviços e indicadores de emprego —, os números ficaram abaixo das expectativas.
“Para 2025, a maioria dos analistas estima um carregamento estatístico de 1,25%, assumindo um crescimento de 0,6% no 4T24. Em contraste, projetamos uma expansão mais fraca no quarto trimestre, de apenas 0,2%, resultando em um carregamento estatístico mais conservador de 0,8%”, destacam no documento.
Outro ponto importante para a desaceleração, segundo a instituição, é a principal fonte de estimulo fiscal que 2024 teve que foram os precatórios. Durante o ano passado, houve um fluxo extra de mais de R$ 100 bilhões para o orçamento das famílias que foi convertido em consumo. Agora, a previsão é de que, neste ano, o número seja de apenas R$ 50 bilhões.
Além disso, o índice que mede a confiança do consumidor, mostra uma queda generalizada na confiança em diversos setores, que para a instituição é mais um sinal de crescimento mais fraco durante o ano.
Com relação a inflação, a expectativa dos economistas Alexandre Azara, Rodrigo Martins e Fábio Ramos, que assinam o relatório, é de que permaneça alta ao longo de 2025 e acima da meta oficial do Banco Central pelos próximos 13 meses.
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Somado a isso, a crise de confiança na política fiscal do governo segue forte de 2024 para 2025. O banco prevê que os gastos públicos permaneçam elevados, além de não ver sinalizações do governo contra esta questão.
Desta forma, os profissionais do UBS acreditam que não há espaços para cortes na taxa básica de juros este ano e projetam, ainda, uma alta de 100 pontos base nas próximas duas reuniões. “Cortes nos juros só devem ocorrer em 2026, a menos que haja um agravamento fiscal adicional”, avaliam.