‘Sem sinalização explícita’: Copom deve elevar Selic a 13,25% e deixar ‘portas abertas’ para maio, diz XP
Apesar de possivelmente elevar a Selic em 1 ponto percentual (p.p.) nas reuniões de janeiro e março, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve optar por “deixar as portas abertas” para a decisão de maio, avalia a XP Investimentos.
Na reunião desta semana, a expectativa é de que os diretores aumentem a taxa básica de juros dos atuais 12,25% para 13,25% ao ano. Esse movimento já havia sido antecipado pelos diretores no final de 2024, quando também indicaram uma alta similar para a segunda decisão do ano.
“Os dados econômicos e as variáveis de mercado sugerem que o Copom deve manter a postura firme (hawkish) e avaliar se os efeitos das condições monetárias mais restritivas se intensificarão adiante”, afirmam o economista-chefe da casa, Caio Megale, e sua equipe.
Os economistas avaliam que o mais importante no anúncio desta quarta-feira (29), porém, será a eventual sinalização da autarquia para a reunião de maio.
“Atualmente, os determinantes da inflação se movem em direções diferentes. Principalmente a atividade econômica. O cenário global também parece incerto. Assim, entendemos que poderia ser prematuro ao Copom se comprometer para além da reunião de março”, dizem.
Segundo a XP, o cenário econômico apresenta sinais mistos. Por um lado, a inflação continua em trajetória ascendente, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 12 meses em 4,8%. Além disso, as expectativas inflacionárias para 2025 aumentaram para 5,50% e o preço do petróleo voltou a subir, atingindo a média de US$ 78,2 por barril.
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Por outro lado, os sinais de arrefecimento na atividade econômica começam a surgir. Indicadores como produção industrial, vendas no varejo e concessões de crédito mostram acomodação, enquanto o mercado de trabalho apresenta um leve aumento na taxa de desemprego, para 6,4%. O câmbio também estabilizou, o que pode favorecer uma dinâmica inflacionária mais favorável no médio prazo.
Com isso, o Copom pode afirmar que as próximas decisões serão ditadas “pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, sem dar nenhum sinal explícito para além de março.
A XP prevê a Selic terminal em 15,50%, com aumentos graduais nas reuniões futuras – 1 p.p. em janeiro e março, 0,75 p.p. em maio e 0,50 p.p. em junho. Esse ritmo, no entanto, pode ser alterado caso a desaceleração econômica se intensifique, abrindo espaço para a interrupção do ciclo de alta antes do esperado.