Arena do Pavini

Sem reforma da Previdência, país terá mais dois anos de recessão, diz MB Associados

21 mar 2017, 15:06 - atualizado em 05 nov 2017, 14:06

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

A reforma da Previdência tem de ser aprovada este ano com o mínimo de mudanças, caso contrário o país poderá ter mais dois anos de recessão, alerta Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados. Sem a reforma da Previdência, o teto de gastos do governo não será cumprido, o que obrigará o governo a buscar outras formas de financiar o déficit público, ou seja, aumentar impostos de forma agressiva, prejudicando a economia. Além disso, sem o cumprimento do teto de gastos, a dívida publica vai voltar a subir e o mercado vai puxar o dólar e a inflação, o que levará o BC a reduzir o corte dos juros. “Completaremos então cinco anos seguido de recessão”, alerta. Ele acredita que há espaço para mudanças pontuais nas regras de transição e redução no tempo de contribuição, hoje de 49 anos. “Mas a idade mínima de 65 anos deve ser mantida, se não a reforma ficará ultrapassada em pouco tempo e não haverá outra oportunidade para fazer o ajuste”, alerta.

Para ele, há sinais claros de retomada da economia, como a geração de vagas mostrada pelo Caged em fevereiro. Se tudo correr bem este ano e com a aprovação da reforma, a agricultura deve puxar a economia no primeiro semestre e, no segundo semestre, a indústria deve mostrar recuperação com a queda dos juros e uma recuperação lenta do crédito e da renda. “O leilão de aeroportos também foi um sinal muito positivo de que o país pode atrair investimentos e novas vendas podem ocorrer”, diz.

Ele estima que o país deve crescer 1% este ano e no ano que vem, 2,6%. Mas esse crescimento pode ser muito maior no ano que vem caso a reforma da Previdência passe. “Teremos um ótimo cenário com contas públicas ajustadas, capacidade ociosa e juros baixos e alguma reforma trabalhista que pode reduzir o custo da contratação ajudando  no emprego que podem levar a um crescimento de 4% até”, diz. Tudo dependerá, porém, do cenário político e da eleição presidencial de 2018. Vale espera uma disputa mais agressiva, com candidatos fora do universo tradicional, como em 1998, com Lula e Collor. “Se não surgir um candidato que leve adiante as reformas atuais, o cenário pode piorar”, diz. Ele trabalha até com o cenário do prefeito de São Paulo, João Doria, sair candidato caso Geraldo Alckmin se inviabilize na Lava Jato.

Ele espera que os juros caiam, mas não tanto como o mercado, que chega a prever 7,25% no fim do ano. Para Vale, 9,25% é um número mais coerente com o cenário de crescimento em 2018. “Se entrarmos o ano que vem crescendo 3%, 4%, e com a meta de inflação em 4%, não vai dar para manter os juros muito baixos”, diz. Ele espera que a taxa suba, talvez para 10% ao ano, e depois volte a cair para 9,25%. “Mas vai ser preciso reduzir mais a meta de inflação para esse juro cair mais também”, diz.Ele não espera juros reais abaixo de 5% tão cedo. “Não precisa ser 8% como hoje, mas menos de 5% é mais difícil”, diz.

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