Eleições 2018

Sem reforma da Previdência, governo Temer acaba em março

09 fev 2018, 13:43 - atualizado em 27 set 2019, 13:50
Temer
Uma vitória na batalha pela reforma, afirmam os gestores, talvez dê algum impulso político positivo

A mais recente carta da gestora de recursos Rio Bravo Investimentos descreve um cenário sombrio para qualquer pretensão eleitoral do governo. A retomada da economia dificilmente produzirá uma “sensação de crescimento”, restando à reforma da Previdência a “razão de existir” da gestão Michel Temer.

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Em meio à articulação em prol do apoio necessário para aprovar o projeto na Câmara até o fim do mês, o governo não jogou a toalha, interpreta a Rio Bravo. “Desistir dela seria como estabelecer o encerramento antecipado dessa presidência, ainda que o risco de perder seja bastante substancial”, diz o texto da gestora.

Nesta semana o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, confirmou a estimativa de votar a reforma da Previdência até o dia 28 deste mês, com as discussões começando no dia 19. Integrantes do governo comentam que faltam cerca de 40 dos 308 votos necessários para aprovar o texto que altera regras de aposentadorias.

Na avaliação do Santander, o novo texto da reforma preserva a maior parte dos efeitos fiscais e distributivos. As estimativas indicam que, nessa versão, o impacto fiscal deve ser de R$ 480 bilhões em um horizonte de 10 anos, correspondente a aproximadamente 57% das economias associadas com a versão inicial.

“Em nossa opinião, a aprovação da reforma da previdência não está precificada nos mercados, principalmente por conta da proximidade das campanhas eleitorais. Esse cronograma apertado é ainda mais desafiador que o de dezembro passado, a nosso ver, principalmente em vista da falta de consenso em torno da reforma da previdência”, afirma a economista Tatiana Pinheiro.

Uma vitória na batalha pela reforma, acrescenta a Rio Bravo, talvez dê algum impulso político positivo ao presidente diante da transformação do quadro eleitoral com Lula, condenado em segunda instância, provavelmente fora da disputa.

O fato é que só depender da recuperação econômica, inflação sob controle e redução do desemprego, pode não surtir efeito. “É um movimento vagaroso e que dificilmente provocará alguma ‘sensação de crescimento’ relevante o suficiente para prover alento ao governo e a seu ministro da Fazenda”, escreve a equipe da gestora.

Aposta no juro longo

Em termos de estratégia, ciente do ambiente macroeconômico positivo, com queda do juro real e inflação ancorada, o time da Rio Bravo destaca títulos públicos indexados à inflação com vencimento em 2050.

“O nível de juro real nos parece elevado e pode continuar caindo para 4,50% nas NTNs mais longas. Voltamos a posicionar na NTN-B 2050 durante o mês de janeiro: primeiro a 5,40% e na virada para fevereiro a 5,10%.”

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