Sem pressa: Banco Central Europeu ainda vai decidir se emitirá euro digital
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), afirmou que seu “pressentimento” é que a Europa irá lançar um euro digital.
Durante o fórum do BCE no evento Central Banking 2020 nesta quinta-feira (12), Lagarde disse que, embora o banco central não está “com pressa de ser o primeiro”, ela acredita que uma decisão será tomada para que o projeto avance.
“Não é um detalhe nem uma teimosia; é algo que, se for mais barato, rápido e seguro para os usuários, então devemos explorá-lo”, afirmou ela, acrescentando:
Se irá contribuir para melhorar a soberania monetária, a autonomia para a Zona do Euro, eu acho que deveríamos explorá-lo.
Se irá facilitar pagamentos internacionais, que são bem complicados em alguns locais de nosso grande mundo, então devemos explorá-lo.
Seus comentários vêm após o BCE ter anunciado, em 2 de outubro, que irá intensificar suas iniciativas de explorar o desenvolvimento de um euro digital — a chamada moeda digital emitida por banco central (CBDC) — com o lançamento de uma consultoria e pesquisa pública.
O euro digital é considerado um complemento ao dinheiro físico, em vez de um substituto.
A Força-Tarefa de Autonível do Eurosistema do BCE sobre CBDCs também publicou um grande relatório sobre as consequências da emissão de um euro digital, identificando cenários que indicam a necessidade da emissão de um euro digital.
Esses cenários incluem a crescente demanda por pagamentos digitais na Europa, uma queda significativa no uso do dinheiro em espécie, uma grande adesão de CBDCs emitidas por outros bancos centrais e o lançamento de iniciativas privadas de pagamentos globais.
Este último parece se referir à stablecoin Libra, proposta pelo Facebook, que é amplamente considerada como o “pivô” do aceleramento das iniciativas de bancos centrais.
A tentativa da China em apresentar um yuan digital — que já está sendo testado no país — é considerada como outro direcionador fundamental para os governos ocidentais.
A Força-Tarefa sobre CBDCs foi formada em janeiro de 2020 e é composta por representantes de mais de 20 bancos centrais europeus, incluindo o da França, Alemanha e Espanha.
No evento desta quinta-feira, Lagarde disse que, mesmo se a decisão de avançar com o projeto do euro digital for tomada, não estará “imediatamente disponível”.
O BCE ainda terá que avaliar inúmeras questões, incluindo antilavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, privacidade de usuários e em qual tecnologia utilizar, segundo Lagarde.
Ela acrescentou que o lançamento de um euro digital demoraria entre dois e quatro anos.
Comentários de Powell e Bailey
Jerome H. Powell, presidente do Federal Reserve dos EUA, durante o mesmo painel, afirmou que os EUA está “comprometido a cuidadosamente avaliar os possíveis custos e benefícios de uma moeda digital emitida por banco central.
Porém, sobre comentários anteriores, ele acrescentou que o status do dólar como a moeda de reserva global significa que é “essencial que façamos tudo direito em vez de tentarmos ser os primeiros”.
Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra, que discursou com Powell e Lagarde, deu um alerta para possíveis emissores de stablecoins privadas.
“As pessoas acham que eu tenho o direito de esperar por uma certeza de valor do instrumento que usam para realizar pagamentos”, disse ele.
Preciso dizer que eu acho que isso significa que o nível está altíssimo para stablecoins privadas e eu não acho que eles chegaram a esse nível. Eles não chegaram a esse nível, na minha opinião. Pode ser que a resposta a esse nível seja uma moeda digital emitida por banco central.
G7 é contra o projeto Libra
até que seja “adequadamente” regulamentado