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Sem pressa: Banco Central Europeu ainda vai decidir se emitirá euro digital

12 nov 2020, 16:33 - atualizado em 12 nov 2020, 16:33
O euro digital é considerado um complemento ao dinheiro físico, em vez de um substituto (Imagem: Crypto Times)

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), afirmou que seu “pressentimento” é que a Europa irá lançar um euro digital.

Durante o fórum do BCE no evento Central Banking 2020 nesta quinta-feira (12), Lagarde disse que, embora o banco central não está “com pressa de ser o primeiro”, ela acredita que uma decisão será tomada para que o projeto avance.

“Não é um detalhe nem uma teimosia; é algo que, se for mais barato, rápido e seguro para os usuários, então devemos explorá-lo”, afirmou ela, acrescentando:

Se irá contribuir para melhorar a soberania monetária, a autonomia para a Zona do Euro, eu acho que deveríamos explorá-lo. 

Se irá facilitar pagamentos internacionais, que são bem complicados em alguns locais de nosso grande mundo, então devemos explorá-lo.

Seus comentários vêm após o BCE ter anunciado, em 2 de outubro, que irá intensificar suas iniciativas de explorar o desenvolvimento de um euro digital — a chamada moeda digital emitida por banco central (CBDC) — com o lançamento de uma consultoria e pesquisa pública.

O euro digital é considerado um complemento ao dinheiro físico, em vez de um substituto.

A Força-Tarefa de Autonível do Eurosistema do BCE sobre CBDCs também publicou um grande relatório sobre as consequências da emissão de um euro digital, identificando cenários que indicam a necessidade da emissão de um euro digital.

Libra é uma moeda de valor estável (stablecoin) impulsionada pelo Facebook, mas que causa receio em líderes globais (Imagem: Crypto Times)

Esses cenários incluem a crescente demanda por pagamentos digitais na Europa, uma queda significativa no uso do dinheiro em espécie, uma grande adesão de CBDCs emitidas por outros bancos centrais e o lançamento de iniciativas privadas de pagamentos globais.

Este último parece se referir à stablecoin Libra, proposta pelo Facebook, que é amplamente considerada como o “pivô” do aceleramento das iniciativas de bancos centrais.

A tentativa da China em apresentar um yuan digital — que já está sendo testado no país — é considerada como outro direcionador fundamental para os governos ocidentais.

A Força-Tarefa sobre CBDCs foi formada em janeiro de 2020 e é composta por representantes de mais de 20 bancos centrais europeus, incluindo o da França, Alemanha e Espanha.

No evento desta quinta-feira, Lagarde disse que, mesmo se a decisão de avançar com o projeto do euro digital for tomada, não estará “imediatamente disponível”.

O BCE ainda terá que avaliar inúmeras questões, incluindo antilavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, privacidade de usuários e em qual tecnologia utilizar, segundo Lagarde.

Ela acrescentou que o lançamento de um euro digital demoraria entre dois e quatro anos.

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Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra, é contra uma criptomoeda de iniciativa privada (Imagem: Reuters)

Comentários de Powell e Bailey

Jerome H. Powell, presidente do Federal Reserve dos EUA, durante o mesmo painel, afirmou que os EUA está “comprometido a cuidadosamente avaliar os possíveis custos e benefícios de uma moeda digital emitida por banco central.

Porém, sobre comentários anteriores, ele acrescentou que o status do dólar como a moeda de reserva global significa que é “essencial que façamos tudo direito em vez de tentarmos ser os primeiros”.

Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra, que discursou com Powell e Lagarde, deu um alerta para possíveis emissores de stablecoins privadas.

“As pessoas acham que eu tenho o direito de esperar por uma certeza de valor do instrumento que usam para realizar pagamentos”, disse ele.

Preciso dizer que eu acho que isso significa que o nível está altíssimo para stablecoins privadas e eu não acho que eles chegaram a esse nível. Eles não chegaram a esse nível, na minha opinião. Pode ser que a resposta a esse nível seja uma moeda digital emitida por banco central.

G7 é contra o projeto Libra
até que seja “adequadamente” regulamentado