Política

Sem presidência, movimento que tem Bolsonaro como figura principal terá seguimento?

30 dez 2022, 10:00 - atualizado em 20 dez 2022, 16:30
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Bolsonaro conseguirá ser o líder da oposição que os os seus apoiadores tanto esperam? (Imagem: Reprodução/ CNN)

No dia 28 de outubro de 2018, Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil em um movimento que também tinha levado ao poder o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump e outros líderes da chamada direita conservadora na Europa como Hungria e Finlândia, além de ter promovido o aumento de popularidade em países como Itália, Alemanha, Espanha e outros.

Baseando o discurso em seu início no combate à corrupção, a proteção da família e o liberalismo econômico, o movimento que ficou conhecido como bolsonarista foi se moldando e tomou forma como um movimento que lutava por liberdades individuais acima do coletivo, tentativa de tirar credibilidade da chamada grande imprensa e apoio às redes sociais e, acima de tudo, a pessoa e personalidade de Jair Bolsonaro.

“O bolsonarismo é um fenômeno que transcende o presidente e seus assessores mais imediatos, com raízes mais profundas que precisam ser investigadas”, afirma o filósofo Newton Bignotto, autor, junto a historiadora Heloisa Murgel Starling, o cientista político Miguel Lago, do livro “Linguagem da Destruição”, que analisa a composição da base de apoio à Bolsonaro. “Precisamos entender como a nossa comunidade se sustentará se alguns setores não tiverem mais compromisso com isso”, disse Starling.

Bolsonaro sem apoio institucional

Pela primeira vez na vida, não apenas na carreira política, Bolsonaro não terá apoio institucional. Capitão do exército, vereador no Rio de Janeiro e depois deputado federal por 28 anos, Bolsonaro não terá um suporte burocrático de porte que o proteja.

Em silêncio desde a derrota nas eleições, Bolsonaro articula com seu atual partido uma estrutura de segurança jurídica ao seu redor. Atual presidente, ele teme que o novo governo e o poder judiciário de alguma maneira façam retaliações a ele ou seus parentes e pessoas próximas pela sua postura e atitudes durante seu mandato.

A falta dessa base de apoio pode enfraquecer o movimento bolsonarista. Sem segurança jurídica, Bolsonaro deve falar menos e em um tom abaixo do que os apoiadores estavam acostumados, acabando com a imagem produzida ao longo dos últimos anos.

Parlamentares na oposição

Eleitos na sombra de Bolsonaro, os parlamentares que apoiam o atual presidente passaram os últimos quatro anos preocupados em defender o governo, desenvolver a ideia de oposição aos pensamentos da esquerda e, principalmente, do PT e enaltecer a figura do presidente. Sem a presença do líder do executivo, os parlamentares precisarão fazer algo que ainda não fizeram: desenvolver ideias.

Como oposição ao governo de Lula, deputados e senadores eleitos e reeleitos deverão se articular para trabalhar em algo que rejeitaram nas eleições: a política. Eleitos com o discurso de anti-política, os parlamentares não terão a figura do presidente para seguir ou se espelhar e deverão fazer as articulações necessárias para não verem o movimento se enfraquecer a ponto de sumir.

Primeira vez na oposição

Ao longo de sua carreira política, Bolsonaro nunca foi, efetivamente, oposição ao governo. Na mesma quantidade que são divulgados vídeos de ataques do então pré-candidato à presidência a então presidente Dilma Rousseff (PT) e seu governo no plenário da Câmara dos Deputados, também são encontrados aos montes os vídeos com falas do Bolsonaro deputado federal defendendo e enaltecendo a administração de Lula.

Apesar de aparente contradição, os momentos na realidade exemplificam outra fala popular de Bolsonaro: a de que ele é cria do chamado Centrão. Ao longo dos seus quase 30 anos como deputado, o capitão do exército mudou diversas vezes de partido e se formou como mais um dos políticos que se posicionam conforme os melhores benefícios.

Agora, sem mandato para defender, Bolsonaro terá de se estabelecer com um líder de oposição e ajudar o movimento a se organizar para colocar suas ideias em prática.

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Editor
Formado em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, é editor de política, macroeconomia e Brasil do Money Times. Com passagens pelas redações de SBT, Record, UOL e CNN Brasil, atuou como produtor, repórter e editor.
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