Mercados

Sem opções boas, investidores globais correm para a Bolsa brasileira. Por que dá para seguir otimista?

14 set 2022, 16:10 - atualizado em 14 set 2022, 16:10
Ibovespa
XP está construtiva com o desempenho dos ativos brasileiros nos próximos meses (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O mercado brasileiro está se destacando por conta de seu forte desempenho em 2022, contrapondo-se à fraqueza dos ativos no mundo dos desenvolvidos e em outros países emergentes.

A XP Investimentos destaca que, enquanto o Ibovespa acumula ganhos de 6% no ano em reais (e de 15% em dólares), as Bolsas globais recuam entre 15-25% no mesmo período.

De acordo com a corretora, o Brasil parece estar se tornando a “TINA” (abreviação para There Is No Alternative, ou Não Há Outra Alternativa, em tradução para o português) dos mercados emergentes.

A expressão ganhou fama nos últimos anos de forte liquidez e juros menores e explica por que investidores globais seguiam comprando ações e ativos de risco mesmo a níveis altos de preço.

“Não havia alternativas de investimento interessantes, na medida que as taxas de juros eram cada vez menores”, explica a XP.

A corretora ressalta que dizer que o Brasil é a única alternativa no mundo parece exagero, até pelo tamanho do mercado dentro do contexto global (as ações brasileiras representam 0,7% do valor de mercado das ações globais). No entanto, há motivos para seguir construtivo com os ativos locais.

“O Brasil hoje tem um cenário mais favorável do que muitos grandes mercados emergentes e desenvolvidos, além de um valuation mais atrativo, o que tem atraído muitos investidores estrangeiros”, comenta.

Cautela com mercados globais

A XP adota posição de cautela em relação aos índices de Bolsas globais para o médio prazo (próximos 6-12 meses).

A corretora afirma que as Bolsas não estão atrativas em relação ao histórico, com os principais índices próximos ou acima das médias históricas.

As Bolsas globais estão caras em relação à renda fixa, diz XP (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

A XP cita que o S&P 500, dos Estados Unidos, é negociado a 16,7 vezes P/L (preço sobre lucro), usando como base os lucros projetados para os próximos 12 meses pelo consenso de mercado. Esse valor está em linha com a média dos últimos 10 anos.

Já o MSCI All Country World, que mede as ações globais, negocia a 14,7 vezes P/L, acima da média histórica de 14,4 vezes.

Além do valuation pouco atrativo, a XP diz que as Bolsas globais estão caras em relação à renda fixa.

“Os juros embutidos nos títulos dos governos seguem em alta recentemente, fazendo com que a relação entre renda variável e renda fixa não fique tão atrativa”, explica a corretora.

As expectativas de lucro também continuam elevadas. Historicamente, explica a XP, o LPA (lucro por ação) do S&P 500 caiu 12% na mediana durante períodos de recessão econômica – e, atualmente, o mercado espera um crescimento de lucros para 2022 de 10%, e para 2023 de 8%.

“Nos últimos meses, essa expectativa já vem sendo reduzida, mas ainda parece elevada”, completa.

Para completar, os bancos centrais, em especial Federal Reserve (Fed) e Banco Central Europeu (BCE), darão continuidade ao ciclo de aperto monetário.

Desaceleração da China, riscos geopolíticos (EUA, Europa e Rússia; EUA e China; China e Taiwan) e recessão global são outros fatores que alimentam a visão cautelosa dos analistas sobre os mercados globais.

Visão construtiva

Para o Brasil, a XP está construtiva com o desempenho dos ativos nos próximos meses. Dois motivos explicam o otimismo dos analistas:

  • desconto; e
  • grande exposição a setores que se beneficiam de um cenário de inflação e juros em alta (bancos e commodities).

A XP destaca que os principais ativos brasileiros (Bolsa, juros e câmbio) entraram em 2022 “bastante baratos”.

Nos níveis atuais, a Bolsa local negocia com grande desconto em relação a outros mercados (P/L de 6,3 vezes, contra múltiplo entre 12-18 vezes de vários mercados globais), afirma.

Sobre a exposição a setores que ganham com inflação e juros altos, a corretora reforça o interesse de investidores por esses ativos no momento. Como commodities e bancos representam 66% da Bolsa brasileira, faz sentido que haja procura pelo Brasil.

“Acreditamos que os ativos brasileiros possam seguir em uma tendência de redução de risco e valorização nos próximos meses, mesmo com as eleições estando próximas. Além disso, temos visto uma volatilidade menor no mercado nesse período eleitoral em comparação com eleições passadas”, completa a XP.

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