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Sem influência, governo mostra fraqueza em fazer a China levantar embargo à carne

25 out 2021, 9:22 - atualizado em 25 out 2021, 9:27
Boi Gado Agropecuária Agronegócio
Boiada, principalmente em confinamento, cresce à espera da demanda chinesa por carne

A ministra Tereza Cristina só na semana passada informou que pensa em ir à China. O chanceler Carlos França só na última semana conversou com o ministro chinês de Negócios Estrangeiros. Platitudes.

Já eram para ter feito isso antes e de forma mais contunde, diante da evidência, há semanas, de que o embargo às importações de carne bovina, que já percorre 51 dias desde os casos de vaca louca atípica, é uma flagrante mistura de retaliação às críticas corriqueiras do governo brasileiro e estratégia comercial para derrubar os preços.

Money Times foi o primeiro a chamar a atenção para esses fatos, ainda em 27 de setembro, e o próprio Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), confirmou, dois dias depois (após uma semana da consulta), que pouco podia fazer.

A diplomacia brasileira precisava ter pagado para ver a real intenção chinesa, mesmo que todos já saibam, tentando exercer alguma forma de pressão.

Mas o Brasil atual, sem peso internacional, e sabendo da perda de qualquer influência que um dia pode ter tido com a China, pisa em ovos em sinal de fraqueza.

O máximo que o ministro Carlos França, das Relações Exteriores, conseguiu com seu par Wang Yi, sobre a retomada das compras, foi que o assunto será “resolvido rapidamente”.

E na falta de mais nada a dizer, a explicar melhor para o mercado, o Itamaraty preferiu o Twitter para esse comentário.

Se a ministra já não está de malas prontas, talvez nem precise ir mais.

Nesta segunda, já noite na China, talvez não tenha tido nenhuma novidade, mas deverá ter a algum momento nos próximos dias. Porque, menos mal, o país não pode ficar muito mais temo sem a carne brasileira de boi.

Mas, até lá, o boi, que já está em R$ 260 em São Paulo, e abaixo de R$ 250 no Mato Grosso, em derretimento constante, pode piorar e os frigoríficos não vão conseguir emplacar preços quando a situação se normalizar.

A demanda chinesa vai ser paulatina, sem pressa, enquanto flui o comércio com outros fornecedores e mais carne suína foi produzida no parque doméstico.