Sem imprevistos nem desastres nos negócios: entenda como fazer uma boa gestão financeira
Por Felipe Toledo dos Santos*
Informações sobre rombos e inconsistências financeiras em empresas inundam o noticiário. Diante disso, não faltam dúvidas sobre como companhias consolidadas no mercado, com operação sólida e alto volume, possam apresentar tantos prejuízos.
Ao mesmo tempo, é possível observar pequenas empresas que possuem um produto ou serviço com alto potencial de venda, apresentando prejuízos e dificuldades de dar seguimento à operação. Muitas vezes essas companhias recorrem a formas de captação de recursos com altos juros, até mesmo correndo o risco de continuidade.
Mas então o que faz uma empresa que possui margens atrativas ou um produto com alto potencial de mercado obter resultados abaixo dos esperados ou piores que os concorrentes no mesmo segmento?
A resposta não é simples. É possível levantar inúmeros fatores. Entre eles, falta de capital de giro, ausência no controle de despesas, dificuldade de identificar o real custo do produto, insistência em manter lojas ou operações que não apresentam rentabilidade, a alta carga tributária etc.
Até mesmo fatores que fogem às questões de negócio e que estão fora do controle dos gestores entram na lista. Foi o caso da pandemia.
Entretanto, quando os maus resultados são devido a fatores internos, frequentemente as justificativas apontam para uma gestão financeira ineficiente.
Entendendo a Gestão Financeira
A gestão financeira é uma ferramenta utilizada como solução que possibilita maior conhecimento dos números da empresa, auxiliando os gestores a utilizar melhor seus recursos e ajudando na tomada de decisão para buscar formas mais eficientes de conduzir o negócio. Em última análise, a gestão Ffnanceira é essencial para qualquer negócio de sucesso.
Afinal, é ela que proporciona uma visão clara das finanças de uma organização para tomada de decisão e planejamento. É importante lembrar que a gestão financeira não é algo que acontece da noite para o dia, mas sim um processo contínuo que requer dedicação, foco e monitoramento a fim de garantir um desempenho positivo agora e no futuro.
Por norma, as empresas devem divulgar relatórios obrigatórios periódicos fiscais, inclusive para validação e cálculo de impostos. Além dos relatórios contábeis e financeiros, para o caso de sociedades anônimas existem obrigações das instituições de regulação de mercado.
Assim, conforme a empresa cresce, aumentam o número de obrigações necessárias que deve produzir. As normas de governança previstas pelos reguladores (CVM, Receita Federal etc.) preveem maior transparência dos números com os investidores que não estão no dia a dia da operação.
Os relatórios mais requisitados por investidores e mais analisados são os balanços patrimoniais, os resultados do exercício e a demonstração de fluxo de caixa. É através deles que é possível ter uma ideia da saúde financeira da empresa.
Também existem alguns pronunciamentos públicos de resultado das companhias. Rotineiramente, a empresa se comunica com o mercado (com participação de órgãos regulatórios ou financiadores, sejam eles bancos ou investidores) a fim de explicar o conteúdo dos números e a visão da execução da estratégia, bem como o plano de longo prazo da empresa.
Ou seja, a gestão financeira tem como objetivo principal trazer um direcionamento da saúde financeira da empresa e alocação de recursos, englobando o planejamento, o controle, o monitoramento e a análise de todas as atividades financeiras. É através dela que é possível analisar dados de produtividade, financeiros e contábeis, possibilitando identificar, através destes relatórios, indicadores de rentabilidade, lucratividade, endividamento, giro de estoque entre outros.
Planejamento e gestão
Assim, as análises da gestão financeira possibilitam um melhor planejamento do futuro da empresa. É a partir daí que é possível tomar medidas imediatas ou de longo prazo, podendo evitar desconfortos financeiros.
Além disso, os relatórios financeiros também oferecem uma oportunidade para as empresas identificarem áreas de potencial crescimento ou risco. É isso que vai permitir fazer os ajustes necessários para garantir o sucesso financeiro.
Existem também os relatórios ditos “gerenciais” não obrigatórios. Eles servem para dar maior granularidade à informação e ajudam na tomada de decisões da companhia.
Ao fazer assim, é possível se adaptar às necessidades de curto prazo e de gestão do negócio. Para isso, é necessário que as informações que compõe estas divulgações estejam corretas. Ou seja, que o processo de geração de informações financeiras e contábeis seja robusto e eficiente, possuindo os devidos controles e revisões, e garantindo a veracidade e a segurança da informação.
É importante que seja um trabalho minucioso, pois um erro ou uma distorção leva a uma análise e a uma decisão de negócios divergente da real situação. Se isso acontecer, irá afetar diretamente também os investidores e instituições financeiras que tomaram a decisão de investir ou financiar a empresa com base em números irreais.
Assim, o estabelecimento de boas práticas, tais como orçamento, previsão de fluxos de caixa e de sistemas de controle interno podem ajudar as organizações a reduzir os riscos associados à má gestão financeira. Ao agir desta maneira, é possível a criação de métricas de acompanhamento atreladas ao planejamento estratégico, transformando-se em uma ferramenta poderosa para garantir o alcance de objetivos e sucesso financeiro.
*Felipe Toledo é consultor sênior associado na Peers Consulting há quase dois anos. Atualmente faz parte das práticas de finanças da Peers. Formado em Administração pública pela Unicamp, possui MBA em gestão de projetos pela FGV, cursos nas áreas de modelagem financeira e contabilidade. Atua com finanças há 8 anos, com passagem por grandes indústrias e em auditoria contábil.