Sem demanda e monções na Índia, açúcar em NY flerta com custo de produção
O açúcar saiu de Nova York (ICE Futures) caindo para um patamar cada vez mais próximo do custo de produção, estimado entre os 11 e os 12 cents de dólar por libra-peso, mas nem por isso deverá fazer com que os grandes processadores mundiais voltem às compras como ocorreu em junho. E mantendo mais ainda o viés de baixa que não larga a commodity há meses.
Alinhado à normalidade das chuvas de monções na Índia, melhorando a perspectiva da safra de cana, as chances do contrato de outubro (principal) seguir deprimido continuam grandes. Baseado em observações de Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado, praticamente não há fundamentos que possam mudar essa curva até o momento.
Depois três quedas seguidas, nesta terça (2) a tela de outubro perdeu 1,75%, fechando em 12.35 c/lp. Todas as demais também recuaram, tanto a de vencimento neste mês quanto as de 2020.
No começo de junho, com o atraso do regime hídrico da Índia, hoje o maior exportador mundial de açúcar, falou-se em recuo da produção de açúcar das 33 milhões de toneladas para algo como 28 milhões/t. Mas o ritmo normal das chuvas trouxeram a previsão mais para cima, na casa das 30 milhões/t, o que para Muruci ainda é um volume considerável.
“E com o petróleo em queda”, lembra Muruci, o que em teoria tira força do etanol no mercado brasileiro, via menor repasse da Petrobras para a gasolina, os traders na bolsa americana aproveitam e saem das compras.
Mas vale dizer que o hidratado vem com consumo aquecido mesmo antes do início da safra (abril), sempre próximo dos 2 bilhões de litros mensais, e nem isso ajudava o açúcar. Safra indiana, excedente mundial (mais de 4,3 milhões/t, segundo o USDA), estoques elevados e consumo mundial com baixo aumento neutralizam qualquer possibilidade de recuperação.
Outro ponto que poderia mexer um pouco mais positivamente com o adoçante é um risco climático no Brasil, pondera o analista da Safras. Até virá uma frente fria com geada nos próximos dias no Centro-Sul, mas de tiro relativamente curto e com reduzida chance de afetar os canaviais na safra que corre.
Fixações
O volume de entrega brasileira sobre o junho 2019 foi considerado recorde em duas a três safras. A fixação foi de 2,1 milhões/t.
Maurício Muruci viu nisso um movimento de recomposição de estoques das grandes industriais globais, que aproveitaram o derretimento do açúcar, quando Nova York bateu em 11.80 c/lp.
Mas se pouco mexeu com os futuros, agora menos ainda, já que elas estão melhor garantidas com matéria-prima e não voltam ao balcão das usinas.