Sem dar confiança ao Brasil, China vai das arestas políticas à estratégia comercial
As mesmas fontes que relataram ao Money Times, em 27 de setembro, que a demora da China em liberar as importações de carne bovina estava condicionada a alguma espécie de represália ao Brasil pelas críticas costumeiras de autoridades do governo, acreditam que serviu também para um teste de estratégia comercial que deu certo.
Há quase 50 dias o embargo se arrasta e os preços despencaram mais de R$ 40 a @ – e pelo Cepea -, mesmo que não reste dúvida técnica alguma sobre o diagnóstico de atípicos (sem risco de contágio) para os casos da vaca louca detectados no início do mês anterior. E sem dar um mínimo de explicações.
Imaginar que a China volte às importações – e certamente voltará – aceitando valores muito acima pela carne, descolados dos preços praticados na originação pelos frigoríficos, é fora de propósito pelos padrões comerciais do país.
Lembram esses interlocutores, que pedem anonimatos por estarem próximos ao governo e ligados ao mercado, que a China em várias ocasiões pressionou os frigoríficos a cederem em preços, nos últimos anos.
E várias vezes conseguiram.
A entrada de carne de outras paragens, como se tem notícias da China, também dá folga ao abastecimento local, ainda que os volumes não sejam tão representativos como os dos embarques brasileiros interrompidos.
Além disso, como o mundo ficou sabendo na segunda, a produção de suínos na China aumentou, e bem, de modo que alivia a pressão doméstica e achatam até as cotações das outras carnes. E justamente pela proteína preferida.
Não há mesmo nada que o governo possa fazer, como chegou admitir o Mapa aqui, em 29 de setembro, além do que já deve ter feito, no máximo algum contato via Itamaraty se colocando à disposição para reuniões ou coisa que o valha.
A China não costuma gastar muito tempo com seus fornecedores, fora das platitudes diplomáticas corriqueiras.