Sem avanço em negociação com EUA, cota do Brasil para etanol expira dia 14, diz fonte
As negociações com os Estados Unidos para aumentar o acesso aos mercados de etanol e açúcar não evoluíram desde que o Brasil estendeu por três meses uma cota sem tarifa para importação do biocombustível, disse uma fonte do governo brasileiro nesta sexta-feira.
E, dessa forma, o benefício tarifário está previsto para vencer na próxima segunda-feira, acrescentou a fonte à Reuters, pedindo anonimato por não estar autorizada a falar com a imprensa.
“Zero avanço nas negociações, e a cota expira em 14 de dezembro”, disse.
Caso seja confirmado o fim da cota, importações de etanol de fora do Mercosul voltam a ter tarifa de 20%.
Ao estender a cota em setembro, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) estabeleceu em 187,5 milhões de litros a nova cota para importação de etanol sem tarifa.
A medida, que contrariou integrantes do setor produtivo no Brasil, foi vista como um sinal de boa-vontade com os EUA, origem da maior parte das importações do Brasil, cujo governo considera Donald Trump um aliado importante.
O novo prazo permitiu a Trump passar pelas eleições sem enfrentar reclamações sobre as tarifas do Brasil por parte de produtores de etanol de milho norte-americano, que integram um importante grupo de apoio ao presidente republicano.
Um câmbio desfavorável a compras no exterior e a queda na demanda por combustíveis no Brasil em função da pandemia, contudo, limitaram as importações brasileiras neste ano.
Ainda assim, no acumulado do ano até novembro o Brasil importou 901,3 milhões de litros de etanol, sendo 747,6 milhões dos EUA, segundo dados no site da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
As importações brasileiras na safra caíram 28,5% na comparação com o mesmo período de 2019, quando somaram até novembro 1,26 bilhão de litros de etanol.
Em 2019, o Brasil importou ao todo 1,44 bilhão de litros, sendo a maior parte dos EUA, que costumam abastecer mais os mercados do Norte/Nordeste brasileiro, pela maior proximidade geográfica.
Anteriormente, o presidente da Unica, Evandro Gussi, disse que qualquer liberalização no comércio de etanol deveria ser seguida por um movimento para reduzir o imposto de importação dos EUA sobre o açúcar brasileiro.
O Brasil, de outro lado, tem nos EUA o principal destino para a exportação de seu etanol de cana, considerado avançado em mercados norte-americanos.
Com o mercado interno fraco, as vendas externas brasileiras aumentaram 36% no ano até novembro, para 2,4 bilhões de litros, ajudando o Brasil a reduzir seus estoques durante a pandemia.
Os norte-americanos foram de destino de 984 milhões de litros de etanol brasileiro no período, conforme dados da Unica.
Procurado, o Ministério da Economia informou que o assunto deve ser comentado pelo Ministério das Relações Exteriores, que não se manifestou imediatamente após contato da Reuters.