Sem anúncio de nova regra fiscal, PT eleva tom e divulga protestos pela saída de Campos Neto do BC
O Partido dos Trabalhadores (PT) publicou nesta sexta-feira (17) uma convocação para atos contra o elevado patamar da taxa básica de juros (Selic) praticado pelo Banco Central (BC).
A publicação feita no site oficial do PT também pede a saída de Roberto Campos Neto da presidência da autoridade monetária e o classifica como um “aliado de Bolsonaro”.
Os protestos estão marcados para acontecer na próxima terça-feira (21), primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em pelo menos 11 capitais brasileiras. Os atos são organizados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e movimentos populares ligados ao PT.
A posição atual do BC é de que as expectativas de inflação para longo prazo estão desancoradas, o que representa um cenário arriscado para rever a Selic.
Esse entendimento, no entanto, tem desagradado o governo, que subiu o tom contra Campos Neto, com críticas vindas do próprio presidente Lula e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
“Até segunda ordem, é consenso que o Copom iria cortar os juros, mas as rusgas entre Lula e Roberto Campos Neto atrasaram este processo. Se tivermos mais uma rodada de trocas de farpas entre os dois, é aí que a perspectiva de corte de juros fica impedida, tornando uma situação já inflamada em crônica”, afirma o economista André Perfeito.
A expectativa é de que a postura do BC mude depois de o Ministério da Fazenda apresentar a nova regra de arcabouço fiscal, que substituirá o atual teto de gastos. A equipe econômica quer sinalizar que o governo vai ter responsabilidade fiscal.
Nesta sexta-feira (17), o ministro Fernando Haddad se reuniu com o presidente Lula para apresentar a nova regra fiscal, que deve ser anunciada na mesma semana das manifestações convocadas contra o presidente do BC.