Mercados

Sem altas firmes até agora, Ibovespa consegue virar o jogo nesta semana?

28 set 2022, 18:13 - atualizado em 28 set 2022, 18:13
Ibovespa
Ibovespa andou de lado nesta quarta-feira (28), fechando praticamente estável (+0,07%) e se mantendo nos 108 mil pontos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Destaque positivo dos mercados globais em 2022, o Ibovespa vive uma semana de elevada volatilidade, descolado dos índices acionários no exterior.

O Ibovespa andou de lado nesta quarta-feira (28), fechando praticamente estável (+0,07%) e se mantendo nos 108 mil pontos. O movimento fraco no mercado doméstico não condiz com a recuperação que Wall Street teve, embora os índices americanos tenham contribuído com algum suporte.

Após tocar os 114 mil pontos na última quinta, o Ibovespa deu início a uma sequência de três pregões de queda, tendo caído mais de 2% tanto na sexta quanto na segunda e encerrado ontem com desvalorização de 0,68%.

Considerando o fechamento de hoje, o Ibovespa acumula perdas de 2,9% só nesta semana.

Exterior segue em foco

Régis Chinchila e Luis Novaes, da equipe de análise da Terra Investimentos, comentam que, apesar da valorização das Bolsas estrangeiras, a perspectiva de recessão ainda se mantém no exterior.

Estados Unidos e China não demonstram sinais de recuperação, com expectativa de maiores juros americanos e moeda chinesa atingindo os menores níveis desde a crise financeira de 2008, necessitando de ajuda dos bancos nacionais para conter a desvalorização”, destacam.

Na Europa, existe o agravante do conflito entre Rússia e Ucrânia, que entra em um novo capítulo após os vazamentos nos gasodutos Nord Stream, que transportavam gás no Mar Báltico.

Até o momento, não há informações de quem pode estar por trás dos vazamentos, mas a União Europeia não descarta a possibilidade de sabotagem. A Rússia, que reduziu os volumes de gás transportados para a Europa após receber duras sanções pela invasão da Ucrânia, também disse que a sabotagem é uma possibilidade e que os vazamentos minam a segurança energética do continente.

Segundo a agência de notícias Interfax, o serviço de segurança russo FSB está investigando os danos sofridos pelos gasodutos Nord Stream como “terrorismo internacional”.

Chinchila e Novaes afirmam que o episódio é mais um indicativo de que os preços devem continuar subindo na Europa, levando os bancos centrais a adotar uma postura ainda mais agressiva com os juros para conter a inflação.

“Nesse contexto, boa parte dos ativos com exposição ao exterior estão se desvalorizando, sob receio de que a situação econômica mundial penalize os próximos resultados dessas companhias”, completam os analistas.

Eleições adicionam volatilidade

Além dos temores relacionados à recuperação da economia dos países desenvolvidos, o mercado de ações brasileiro precisa lidar com a proximidade das eleições presidenciais.

Depois da pesquisa do Ipec (ex-Ibope) na segunda, o levantamento do instituto Quaest para a Genial Investimentos também apontou nesta quarta a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrar a disputa presidencial no domingo, elegendo-se em primeiro turno.

Parte do mercado está se reconciliando com o ex-presidente, com alguns gestores descartando um “cenário de retrocesso” para o que foi o governo anterior do PT em caso de vitória do Lula.

Mesmo assim, o mercado ainda é surpreendido por notícias locais. Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, diz que, afastando sinalizações de que ocupará um cargo dentro de um eventual governo Lula, tornando ainda mais distante a possibilidade de se tornar ministro da Economia, Henrique Meirelles jogou “um grande balde de água fria” sobre os investidores.

“Hoje, tem saído alguns comentários de que ex-governadores do Nordeste poderiam assumir o cargo de ministro. Não causou um sentimento muito bom [no mercado]”, completa Galindo.

O analista explica que, embora haja algum risco já precificado, ainda paira uma incerteza no mercado sobre as eleições.

“Até porque a gente não sabe quem vai ganhar ou qual é o risco exato que correremos com quem ganhar”, diz.

Analistas da Terra Investimentos acreditam que o mercado não deve sair muito do lugar nesta semana caso não apareça notícias relevantes para a economia.

“Como dito, o externo não é favorável, e muitas empresas do mercado serão penalizadas por isso. Frigoríficos e petrolíferas são um exemplo de possíveis prejudicados”, afirmam Chinchila e Novaes.

A dupla vê um potencial movimento de valorização dos ativos domésticos, considerando a “favorável” situação econômica brasileira, mas não acredita que será suficiente para impulsionar o mercado no curto prazo.

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