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Sem açúcar: Raízen (RAIZ4) despenca após Petrobras (PETR4) negar aporte e sinalizar “preferência por etanol de milho”

19 ago 2025, 18:31 - atualizado em 19 ago 2025, 18:47
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(Foto: Divulgação)

As ações da Raízen (RAIZ4) caíram forte nesta terça-feira (19), refletindo principalmente o fato de a Petrobras (PETR4) ter negado que esteja estudando um investimento na companhia na véspera. No fechamento, a baixa era de 9,57%, com o papel negociado a R$ 1,04.

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E dizer que os papéis da sucroalcooleira “amargaram” uma queda tem também um duplo sentido. Segundo rumores, os estudos da Petrobras consideram sim possíveis investimentos — mas no etanol de milho, e não no de cana-de-açúcar.

Entre os fatores listados para o eventual favorecimento do etanol de milho estão o custo de produção em queda, com a expansão dos cultivos do grão, e o forte crescimento registrado no segmento, de mais de 30% no ano passado.

“Nos últimos quatro anos, a produção de etanol de milho cresceu dois bilhões de litros por ano e vem se consolidando como o principal etanol”, diz Marcos Jank, professor de agronegócio do Insper.

Jank destaca que o ganho de mercado do milho tem a ver com as dificuldades enfrentadas pela cana-de-açúcar em termos de mecanização. Segundo ele, o ganho de produtividade nesse tipo de cultivo não estaria acompanhando o do concorrente.

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A cana enfrentou, nos últimos anos, questões climáticas que afetaram a produtividade do setor, com queda no chamado “Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por hectare”. No caso da cana, não adianta apenas colher muito volume: o que gera valor para as usinas é a quantidade de açúcar e etanol que pode ser extraída, fortemente atrelada a fatores climáticos.

“O milho cresce bem mais. E há o fato de que, no milho, o capex é muito mais baixo. O investimento é muito mais baixo”, reforça Jank.

Juros pesam no modelo de negócio da Raízen

Guilherme Grahl, responsável pela carteira de agronegócio da Valora, vai na mesma linha. Para o especialista, o juro alto vem sendo uma barreira para o avanço da cana-de-açúcar, uma vez que a cultura exige investimentos de longo prazo.

“A dinâmica da safra de milho é muito mais simples em termos de investimento. Na cana, você está falando de um capex com foco de retorno de quatro ou cinco anos após o aporte”, comenta Grahl. “O pessoal, então, está meio vacinado com novos greenfields de cana, principalmente em um cenário de juro alto.”

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Segundo os especialistas, a menor barreira de entrada também facilita a aquisição de milho de terceiros. O produtor de etanol de milho não precisa necessariamente cultivar o grão (diferente do que ocorre em grande parte das usinas de cana como a Raízen).

“Para se produzir cana, a quantidade de área necessária é bastante relevante. Você tem uma limitação de entrada por tamanho. Ao passo que, no caso do milho, é normal produtores alternarem, por exemplo, a produção com a soja”, afirma Grahl.

Outro fator-chave é o fato de as últimas safras de milho no Brasil estarem batendo sucessivos recordes, o que barateia a produção.

“Os produtores de etanol de milho compram a commodity no momento em que a safra sai e os preços caem. E neste ano a safra foi recorde e extraordinariamente grande”, diz Jank.

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Um dos diferenciais do etanol de milho em relação ao de cana é a geração de subprodutos que fortalecem outras cadeias do agronegócio. O principal deles é o DDG, um farelo resultante do processo de esmagamento do grão, altamente proteico e utilizado como ração animal, especialmente na pecuária. A produção avança sobretudo em regiões agrícolas consolidadas, como Mato Grosso e Goiás.

Além disso, segundo fontes, a Petrobras estaria interessada também no crescimento da produção no Norte e Nordeste, regiões deficitárias em biocombustíveis. A área registra forte aumento da produção de milho, em especial no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A produção da Raízen, por outro lado, está muito concentrada nos estados do Sudeste.

*Com informações da Reuters

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vitor.azevedo@moneytimes.com.br
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