Sem acordo com Lemann, AMER3 prepara recuperação judicial para os próximos dias, diz Folha
A Americanas (AMER3) deve entrar com pedido de recuperação judicial no valor de R$ 20 bilhões nos próximos dias, afirma a Folha de S. Paulo.
Segundo a reportagem, os acionistas não chegaram a um acordo para injeção de capital. Os acionistas referência, formados pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, propuseram R$ 6 bi, porém os bancos queriam, no mínimo, R$ 10 bilhões.
Nesta terça, a empresa escalou Camille Loyo Faria para o cargo de diretora financeira e de relações com investidores da companhia, uma das responsáveis por tocar a recuperação judicial da Oi, o que pode indicar que a empresa já se prepara para, de fato, entrar em RJ.
Para especialistas ouvidos pelo Money Times, o processo parece inevitável. Na última sexta, a empresa foi à justiça e conseguiu uma proteção contra a execução de dívidas por 30 dias. Depois desse período, a varejista terá que decidir se entra em recuperação judicial.
Em contrapartida, o BTG Pactual protocolou uma ação contra a blindagem, acusando a empresa de agir de ‘má-fé’.
Segundo um banqueiro, que não quis ser identificado, com uma capitalização próxima de R$ 15 bilhões a recuperação poderia ser evitada.
Na visão de Salvatore Milanese, sócio da Pantalica Partners e especialista em recuperação de empresas, o impacto desse tipo de notícia destrói a companhia do ponto de vista do consumidor. “Não é um setor que deveria ser colocado em recuperação judicial”, argumenta.
Em sua opinião, para evitar o processo, “cada um precisa pagar o preço”.
“Os acionistas precisam colocar dinheiro e credores precisam alongar as dívidas, não cobrá-la, reduzir o impacto. Parece que se está se empurrando a empresa para a recuperação judicial porque os credores, legitimamente, mas não racionalmente, estão cobrando antecipações na justiça”, observa.
Já para o advogado Thomas Benes Felsberg, sócio-fundador do Felsberg Advogados e com experiência em processos de falência, tudo leva crer que a Americanas está “caminhando para uma recuperação judicial ou extrajudicial”.
Segundo a XP, dado o tamanho da dívida da Americanas e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos, a alternativa mais provável é a recuperação judicial.
Pelos cálculos dos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, o montante da oferta de ações deveria ser de R$ 12 bilhões a R$ 21 bilhões.