BC corta Selic e indica manutenção em 6,75% até maio; veja o comunicado
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central cortou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 6,75% ao ano, em uma decisão unânime e bastante antecipada pelo mercado, mostra um comunicado enviado ao mercado nesta quarta-feira (7).
“A evolução do cenário básico, em linha com o esperado, e o estágio do ciclo de flexibilização tornaram adequada a redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta reunião”, explica o BC.
Logo em seguida, o texto deixa claro que o juro deve estacionar em 6,75% por um tempo: “para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”.
Os próximos encontros acontecem em 20 e 21 de março; 15 e 16 de maio; 19 e 20 de junho; 31 de julho e 1º de agosto; 18 e 19 de setembro; 30 e 31 de outubro; e 11 e 12 de dezembro.
A decisão de hoje foi a 11ª do atual ciclo de cortes, iniciado em outubro de 2016, quando a taxa básica era de 14,25%. Ao todo, o Copom cortou 7,5 p.p. da Selic, acompanhando o surpreendente processo de desinflação da economia nos últimos 18 meses.
Desde o pico de 10,71% no acumulado de 12 meses alcançado em janeiro de 2016, o IPCA tem mantido uma trajetória de queda até ficar abaixo do piso de 3% na leitura de 2017.
Revisão
Para a consultoria Roubini Global Economics, a Selic deve chegar ao final de 2018 com o juro a 7,5%. Para 2019, o próprio relatório Focus projeta o juro a 8%.
“Enquanto a maior parte dos mercados concorda em grande parte que este será o fim da flexibilização do Banco Central, há um debate sobre quando ele começará a reverter o ciclo aumentando as taxas”, ressalta o economista sênior Pedro Tuesta em um relatório.
Veja o comunicado:
O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 6,75% a.a.
A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:
O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra recuperação consistente da economia brasileira;
O cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica cresce globalmente. Isso tem contribuído até o momento para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes, apesar da volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas;
O Comitê julga que o cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;
As expectativas de inflação para 2018 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,9%. As projeções para 2019 e 2020 mantiveram-se em torno de 4,25% e 4,0%, respectivamente; e
No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 4,2% para 2018 e 2019. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2018 em 6,75% e 2019 em 8,0%.
O Comitê ressalta que seu cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, a combinação de (i) possíveis efeitos secundários do choque favorável nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos e da (ii) possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (iii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. Esse risco se intensifica no caso de (iv) reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes.
Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 6,75% a.a. O Comitê entende que esse movimento é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, com peso menor e gradualmente crescente, de 2019.
O Copom entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.
O Comitê enfatiza que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural. As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê.
A evolução do cenário básico, em linha com o esperado, e o estágio do ciclo de flexibilização tornaram adequada a redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta reunião. Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o Comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária. Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos. O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.