Selic: sem surpresas, taxa deve seguir em 13,75%; veja o que esperar da primeira reunião do Copom
Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem a sua primeira reunião de 2023. No encontro, os dirigentes do Banco Central vão decidir os próximos passos da política monetária brasileira e o futuro da Selic.
A projeção do mercado é quase unânime: o Banco Central deve manter a taxa básica de juros em seu atual patamar, de 13,75% ao ano.
“O Banco Central apontará para uma piora em suas projeções de 2023 e 2024. Isso encomenda um tom duro ao seu comunicado, que deverá reforçar o compromisso com as metas de inflação, além de sinalizar a deterioração das expectativas fiscais, com destaques potenciais para a desancoragem das expectativas e o juro neutro”, destaca a Ativa Investimentos.
A corretora projeta que a Selic deve terminar o ano de 2023 em 13,75% – ou seja, sem cortes – seguido por 10,75% (2024), 8,50% (2025) e 8,50% (2026).
Já para Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú BBA, o Copom deve reforçar a sinalização de manutenção da postura vigilante da política monetária até que a inflação volte à meta.
“Sobre o balanço de riscos, o comitê deve sinalizar que ainda vê riscos simétricos para a inflação, com alertas adicionais não só para a evolução das contas públicas, mas também para os debates recentes de arcabouço e discussões acerca da definição das metas de inflação”, diz em relatório.
Corte cada vez mais longe
A principal aposta no mercado é de quando o Banco Central deve começar a reduzir a Selic.
Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, caso o cenário se mantenha benigno, os cortes na taxa de juros devem ocorrer a partir de agosto.
“Os próximos meses serão importantes para entendermos a dinâmica da inflação e do juro. Caso as perspectivas se mantenham, a nossa expectativa é de que a autoridade monetária realize os primeiros cortes na Selic em agosto deste ano”, afirma.
Entre os fatores que podem atrapalhar essa projeção estão:
- Retorno dos impostos federais: em março, acaba a desoneração dos tributos sobre combustíveis. O seu retorno deve impactar a inflação em até +0,7 ponto percentual.
- Aumento de gastos do governo: a PEC da Transição abriu espaço para o governo eleito aumentar os gastos públicos.
- Arcabouço fiscal: o mercado espera a definição do novo arcabouço fiscal para controle da dívida pública.
- Cenário internacional: a reabertura da China e a retomada da demanda por matérias-primas podem gerar uma pressão inflacionária em diversos países.
- Expectativas de inflação: o Banco Central está preocupado com a inflação futura. Seu objetivo é convergir a inflação para a meta estipulada: 3,25% em 2023 e 3,0% em 2024 e 2025.
“Em nosso cenário base, teremos um primeiro corte de 0,25 p.p. em agosto, seguidos de mais duas quedas de mesma magnitude em setembro e novembro. E, na última reunião de 2023, perspectiva de redução em 0,50 p.p., levando a Selic para 12,50%”, aponta Gustavo.
Histórico da Selic
A Selic se encontra em 13,75% desde agosto do ano passado. Antes disso, o Banco Central promoveu 12 altas na taxa de juros.
Os reajustes começaram em março de 2021, à frente da maioria dos bancos centrais de outros países. Na época, a Selic estava em seu menor patamar histórico, de 2% ao ano.
O Banco Central optou por elevar os juros para combater a inflação alta que resultou da pandemia de covid e início da guerra entre Ucrânia e Rússia.