Economia

Selic pode atingir menor patamar em dois anos; entenda se BC vai pisar no freio

19 mar 2024, 12:24 - atualizado em 19 mar 2024, 12:24
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Selic: Corte de 0,50 pp já está precificado. A dúvida é se o Banco Central vai manter ritmo de afrouxamento monetário nas próximas reuniões. (Imagem: Yauhen Akulich/Canva Pro)

O Comitê de Política Monetária (Copom) deve cortar o Selic em mais 0,50 ponto percentual a partir de quarta-feira (20).

Se confirmado, será o sexto reajuste de mesma magnitude e ainda levará a taxa básica de juros para o menor patamar desde março de 2022. Com o corte, a Selic passará de 11,25% para 10,75% ao ano — mesmo valor que estava há dois anos.

“A expectativa é que os membros do Copom reduzam as taxas em 50 pontos base pela sexta vez consecutiva, levando a taxa Selic para 10,75% em decisão unânime. O comitê deverá manter o plural (‘próximas reuniões’), ao mesmo tempo, em que destaca a resiliência da atividade e as preocupações com a inflação para justificar a manutenção do ritmo”, destacam os economistas David Beker e Natacha Perez, do Bank of America.

No entanto, o corte de 0,50 pp já está precificado pelo mercado. A dúvida que fica é se o Banco Central vai manter esse ritmo de afrouxamento monetário nas próximas reuniões ou se ele deve pisar no freio.

Copom pode reduzir cortes da Selic?

Para Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos, por um lado, o Banco Central deve sinalizar uma surpresa positiva em termos da arrecadação federal neste início de ano, aumentando as chances de cumprimento das metas estabelecidas no arcabouço fiscal.

No entanto, também não deve passar batido a piora da inflação na margem pela métrica da média móvel trimestral, que saltou de 3% para 6% nos últimos meses.

“É verdade que parte dessa aceleração inflacionária se deve a um fator climático transitório (El Niño), que tem impactado negativamente os preços dos alimentos. Mas, por outro lado, a maior parte desse movimento se deve ao aumento da inflação de serviços, principalmente dos serviços subjacentes, e que demanda uma política monetária contracionista”, afirma.

Farina ainda destaca que o Copom deve deixar de fornecer o guidance futuro que aponta para cortes de juros de 0,50 p.p. nas duas reuniões subsequentes.

“O intuito disso não seria necessariamente o de diminuir a magnitude de corte de juros para 0,25 p.p., mas sim o de aumentar os graus de liberdade na condução da política monetária”, aponta.

Já Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, não espera grandes mudanças na posição do Banco Central.

“Acreditamos que esse assunto será discutido na reunião, mas que a probabilidade levemente majoritária é de que a frase seja mantida, indicando a sua exclusão na reunião subsequente”, afirma.

Segundo ele, a exclusão do trecho “os membros do Comitê anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”, neste momento, poderia gerar ruídos e levar o mercado a precificar uma forte probabilidade de desaceleração do ritmo, aliada a uma potencial maior volatilidade no mercado de juros.

Os analistas da XP destacam que dois cortes adicionais de 0,50 p.p. – após o corte desta semana – levariam a taxa Selic para um patamar seguro de 9,75%.

“Considerando que a inflação está rodando em torno 4,0% (tendência de curto prazo), isso significa uma taxa de juros real entre 5,5% e 6,0%, ainda bem acima do que o Copom estima como taxa neutra (4,5%). Para além deste nível – ou seja, na próxima reunião – parece mais prudente sinalizar apenas uma reunião à frente (descartando o termo plural). Ou mesmo não emitir sinalização alguma”, diz o relatório.

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