Mercados

Selic: Não é o fim do ciclo (e o Ibovespa pode reagir mal), diz economista

03 ago 2022, 20:05 - atualizado em 04 ago 2022, 12:35
Sede do Banco Central em Brasília
Sede do Banco Central em Brasília (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O Banco Central elevou a Taxa Básica de Juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, indo a 13,75% ao ano. Até aí, tudo bem. O problema, dizem analistas, é que o BC deixou a porteira aberta para novas altas.

De acordo com Roberto Padovani, economista-chefe do BV, nas últimas sessões, o mercado precificou o fim da alta dos juros.

Tanto que nesta pregão, ações como Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), que são atingidas diretamente pelos juros, dispararam.

“É possível que mercado reaja de forma negativa porque estava precificando o fim do ciclo”, disse em entrevista ao Money Times.

De acordo com o BV, há espaço para taxas ainda mais elevadas.

“Mesmo com juros neste patamar, vemos a inflação rompendo o teto da meta pelo terceiro ano consecutivo em 2023. Contudo, o BC sinaliza a preferência por encerrar o ciclo em breve e, em seguida, manter a Selic estável até que tenha confiança na convergência da inflação à meta”, coloca.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, afirma que, hoje, há mais manifestações pedindo o fim do ciclo do que na última reunião.

Para ele, os mercados devem precificar uma alta de mais 0,25 ponto percentual.

Já a Toro Investimentos acredita que os mercados devem receber bem essa elevação.

Ainda assim, escreve a analista Paloma Brum, como o ambiente se mostra bastante desafiador quanto ao ritmo de crescimento global, outros fatores podem causar volatilidade em ambos os mercados, ofuscando parcial ou totalmente o efeito da decisão.

“No que tange à renda fixa, a perspectiva segue favorável aos ativos atrelados à Selic, prefixados e de inflação mais longa”, completa.

Mais uma ou mais duas da Selic

Para Cassiano Konig, sócio-fundador da GT Capital, tanto o aumento da Selic em 0,50 pp quanto a indicação de um novo aumento, porém menor, no próximo encontro eram esperados.

Porém, “o Banco Central não deve sinalizar o fim do ciclo de alta da taxa de juros”, pondera o gestor. Para ele, ainda cabem mais uma ou duas altas na Selic até o fim do ano.

Até por isso, o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, revisou a estimativa para a taxa terminal e vê agora o juro básico em 14,25%.

“Mudamos nossa projeção, sendo duas altas de 0,25 pp, o que satisfaz a sinalização do último parágrafo”, diz o economista, em comentário, referindo-se ao trecho citado acima.

Com Olivia Bulla

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