Renda Fixa

Renda fixa sofre no curto prazo, mas Selic não cai tão cedo; entenda como investir agora

27 set 2022, 12:35 - atualizado em 28 set 2022, 10:29
Tesouro Direto
Taxas de remuneração na renda fixa sofrem fortes quedas no curto prazo, mas Selic ainda tem muito meses de patamar elevado pela frente. (Imagem: Pixabay/ markus-s)

As taxas pagas pela renda fixa começam a afugentar os investidores no curto prazo, embora não haja espaço para que a taxa Selic comece a cair nem tão cedo.

Quem compra e vende títulos públicos no Tesouro Direto com frequência notou nesta terça-feira (27) uma forte desvalorização das taxas de rentabilidade, especialmente no caso dos títulos prefixados.

Na véspera, o Tesouro Prefixado 2033 com pagamento de juros semestrais rendia 12,10% ao ano a R$ 36,31.

Atualmente, o mesmo título remunera ao investidor juros de 11,83% ao ano a R$ 36,88.

O mercado foi surpreendido com uma deflação maior que a esperada no IPCA-15 em setembro, de acordo com dados do IBGE.

O impacto foi automático nos títulos públicos com vencimento mais longos, que embutem maior volatilidade e risco ao investidor.

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Selic vai começar a cair quando?

Embora a inflação esteja entregando sinais positivos ao Banco Central (BC) brasileiro, ainda é muito arriscado considerar que possa haver espaço para cortar a Selic precocemente, avalia Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

A ata do Copom divulgada nesta terça-feira foi brevemente mais ‘hawkish’ (dura) do que o comunicado do BC, que manteve a taxa Selic em 13,75 ao ano.

O risco de se ter elevado a taxa básica de juros para 14% ao ano foi muito grande.

“A comunicação busca afastar cenários com cortes de juros precoces. Mantemos assim nossa perspectiva de que o BC manterá a Selic em 13,75%, até maio de 2023, quando iniciará o ciclo de baixa dos juros”, afirma Sanchez.

O momento de corte da taxa básica de juros brasileira a partir da segunda metade de 2023 coincide a previsão do mercado de freio no aperto monetário feito pelo Federal Reserve (Fed).

Como o Fed está atrasado em relação ao Brasil, o ciclo de subida de juros deve se estender nos EUA até março de 2023, com 53% do mercado precificando taxas entre 4,5% e 4,75% ao ano.

Em maio do ano seguinte, em torno de 52% do mercado também espera que os juros nos EUA permaneçam no mesmo patamar, de acordo com dados do CME Group.

Como investir na renda fixa agora?

Quem é investidor mais conservador e está alocado em títulos pós-fixados (atrelados à Selic ou ao CDI), a boa notícia é que ainda têm muitos meses pela frente de juros elevados na ordem de 13,75% ao ano.

“Continua sendo um bom investimento o aporte em títulos de renda fixa pós-fixados, que ficam atrelados à Selic e, também, já trava algumas taxas olhando um fechamento de curva mais para frente”, recomenda André Crepaldi, diretor de gestão de patrimônio da WIT.

Investimentos como Tesouro Selic, CDBs que rendam mais de 100% CDI e títulos de crédito privado (CRAs, CRIs e debêntures) indexados ao CDI mais uma taxa de juros prefixada com vencimento de até três anos oferecem o melhor risco retorno.

Para quem quer apostar no ciclo de queda da taxa Selic, é possível comprar títulos prefixados agora e ganhar dinheiro com a venda antecipada, ou seja, sem carregar o investimento até o vencimento.

Crepaldi aponta que é uma boa hora para dar atenção aos títulos prefixados também, porque a curva de juros deve começar a fechar em 2023.

Seguindo a lógica do funcionamento da marcação a mercado diária que afeta os investimentos de renda fixa, quando as taxas de rentabilidade dos títulos caem inversamente, os preços dos mesmos títulos sobem.

Nesse cenário, o investidor consegue comprar títulos de renda fixa com preços baixos e revendê-los antes do vencimento por um preço maior à medida que a taxa Selic for caindo.

O risco dessa estratégia é a inflação não estar devidamente controlada ou a âncora fiscal do próximo governo desacreditar o mercado, fazendo com que o BC seja forçado a subir os juros.

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