Selic mais alta: Haddad teme que tragédia no RS sirva de argumento para política monetária restritiva
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que tem medo de que a tragédia climática no Rio Grande do Sul seja usada como argumento a favor do aperto monetário, afirmando que o patamar atual da taxa Selic, de 10,5%, ainda é muito restritivo.
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“Eu fico com muito medo de usarem a tragédia no Rio Grande do Sul, que tem que ser enfrentada, como um argumento que deveria ser usado às avessas. Sempre quando você tem um choque de oferta, você muitas vezes é obrigado a relaxar a política monetária e não piorar a situação”, disse Haddad em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. “Mas isso é um debate técnico que o Tesouro e o Banco Central têm que fazer”, acrescentou.
O ministro defendeu que o Brasil está gerando emprego sem gerar aumento da inflação, e criticou o que chamou de “ruídos” recentes em torno do desempenho da economia. Ele ainda argumentou que o governo tem feito sua parte na área fiscal para controlar a inflação, que classificou como uma das mais baixas da história.
Haddad reitera busca por equilíbrio das contas e exalta início de ano positivo
Haddad ainda reiterou que a equipe econômica deseja terminar o ano com as contas públicas “equilibradas”, e disse que o primeiro quadrimestre de 2024 atendeu às expectativas do governo em relação à inflação, ao crescimento e à área fiscal.
Ele argumentou que os indicadores econômicos positivos deste ano se devem aos esforços e medidas do Executivo. “Estamos com o nosso desejo de terminar este ano com as contas equilibradas”, disse o ministro.
“O primeiro quadrimestre cumpriu as nossas expectativas, que eram consideradas exageradas até outro dia… Está acontecendo aquilo que nós entendíamos que ia acontecer”, acrescentou.
A Receita Federal informou na terça-feira que a arrecadação do governo federal teve alta real de 8,26% em abril sobre o mesmo mês do ano anterior, marcando o quinto recorde para o mês consecutivo. A meta do governo é zerar o déficit primário ao fim do ano.
Mais tarde nesta quarta, o secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos; o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron; e o secretário da Receita Federal do Brasil, Robinson Barreirinhas, concederão entrevista coletiva para apresentar o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do segundo bimestre.
Haddad também exaltou a trajetória de queda da inflação no país, com elogios ao o trabalho do Banco Central na gestão da política monetária. Ele disse que a inflação de 2023 foi exacerbada pela desoneração dos combustíveis estabelecida pelo governo anterior.
“O trabalho que foi feito de política monetária para fazer a inflação cair foi muito melhor do que a gente imagina”, afirmou o ministro.
Ele indicou que um segundo projeto sobre a regulamentação da reforma tributária do consumo deve ser enviado ao Congresso na próxima semana, afirmando que a entrega depende ainda de negociações com Estados e municípios.
Haddad disse ainda que a equipe econômica do governo federal deseja fazer ajustes na economia brasileira o mais rápido possível, mas ponderou que esse ritmo muitas vezes depende da atuação do Congresso.
Ele apontou que está satisfeito com o andamento da agenda econômica do governo, argumentando que todas as medidas enviadas pelo Executivo ao Congresso receberam um tratamento digno.