Economia

Selic, inflação e PIB: Por que os economistas estão mais pessimistas?

21 maio 2024, 10:05 - atualizado em 21 maio 2024, 10:05
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Os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul pressionam a inflação e atividade econômica do país. (Imagem: Shutterstock/Montagem: Julia Shikota)

O Relatório Focus desta semana trouxe revisões importantes (e pessimistas) para a economia brasileira.

Segundo os dados divulgados pelo Banco Central, a Selic deve encerrar o ano em 10%, ante os 9,75%. Além disso, as expectativas  2027 foram elevadas de 8,63% para 9%.

Já do lado da inflação, economistas ouvidos pela autoridade monetária voltaram a revisar as projeções para os preços deste ano. As expectativas de alta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCApassaram de 3,76% para 3,80%.

Já o Produto Interno Bruto (PIB), foi revisado para baixo — algo que não acontece sempre — passando de 2,09% para 2,05% em 2024.

Rio Grande do Sul pressiona inflação e PIB

Os economistas da XP, Luiza Pineze e Alexandre Maluf, afirmam a preocupação com a inflação é o que segue pressionando as projeções, provavelmente refletindo os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul. O Estado enfrenta enchentes que já atingem mais de 400 municípios e afetou o agronegócio.

“A estimativa para o crescimento real do PIB no ano corrente caiu de 2,09% para 2,05%. Como no caso da inflação, a queda provavelmente reflete o menor nível de atividade no Rio Grande do Sul com o desastre das chuvas”, destacam em relatório.

Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, aponta que, atualmente, o horizonte de atuação da política monetária visa exatamente 2025. Com isso em teoria, o avanço das perspectivas de juros para 2024 deveria mitigar a projeção de inflação para o ano que vem, mesmo se for considerada uma inércia maior do IPCA de 2024.

“Mesmo mediante uma política monetária mais restritiva em 2024, a piora das expectativas puxou nossas estimativas para as projeções condicionais para cima em 10bps, tanto para 2024 quanto para 2025, convergindo para 3,9% e 3,4%. Assim, mantemos a perspectiva de que a Selic não terá nova queda, com o juro permanecendo em 10,50% na reunião de junho”, afirma.

Ele não é o único que projeta uma pausa no afrouxamento monetário. O Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), pesquisa semanal da Equus Capital, mostra que probabilidade de uma pausa nos juros é de 67,3%.

Trata-se de uma alta nas expectativas, quando comparado com a semana anterior: na época, 41,1% dos economistas apostavam na manutenção no atual patamar da Selic.

Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, lembra que, no dia anterior à última reunião do Copom, este percentual estava em 28%.

“A divergência entre diretores indicados por Lula, que defenderam uma manutenção mais forte dos juros básicos, levantou temores sobre uma postura menos ortodoxa do Banco Central a partir de 2025. Além disso, a ata destacou um ambiente global adverso, dinamismo na atividade doméstica e um cenário desafiador para a inflação local, com o Copom atento às expectativas inflacionárias”, destaca.

Em contrapartida, Matheus Spiess, estrategista da Empiricus, lembra que, com a postura mais restritiva adotada na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e um contexto internacional favorável ao câmbio em economias emergentes, surge a possibilidade de apreciação do real.

“Por isso, a cotação do dólar abaixo de R$ 5 não seria uma surpresa no futuro próximo”, diz.

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