Selic estável traz alívio ao Ibovespa, mas eleições ainda desenham cenário desafiador
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa Selic pela 12ª vez seguida e apontar um possível fim do aperto monetário, o mercado de renda variável volta a respirar mais aliviado. No entanto, 2022 e 2023 seguem desafiadores para a Bolsa.
O potencial fim do ciclo de altas da taxa de juros brasileira, iniciado em março de 2021, beneficia diretamente as ações, reduzindo a taxa de desconto futura e impactando positivamente o valuation dos papéis e o mercado de renda variável, explica o analista da Benndorf, Niels Tahara.
Desde a divulgação da última ata do Copom, em 4 de agosto, até o fechamento desta quarta-feira (10), o principal índice da Bolsa de Valores brasileira segue em ritmo de alta e acumula valorização de 4,07%.
Para o analista da Benndorf, um possível topo da inflação, em conjunto com a redução da taxa de desemprego e a esperada queda da Selic já em 2023 – que reduz o custo de crédito –, beneficia os setores cíclicos domésticos.
Diante desse cenário, o Ibovespa pode voltar ao patamar de 120 mil pontos, afirma Tahara, “uma vez que o índice ainda está a cerca de dois desvios-padrão abaixo de sua média histórica de preço/lucro”.
Entretanto, com o risco fiscal ainda presente e as eleições próximas, ainda há incertezas sobre como será a política fiscal no futuro.
Respiro aliviado
Tahara, da Benndorf, explica que os novos patamares para Ibovespa, com a Selic em 13,75%, dependem das expectativas futuras em relação à taxa.
“Por mais que a Selic permaneça em 13,75% até o final de 2022, se os juros futuros longos – como o DI1F29 – caírem para baixo dos 11% (hoje estão em 11,83%), já abre espaço para o Ibovespa alcançar novos patamares”, afirma.
Segundo o analista, um dos setores que mais se beneficia desse movimento é o varejo, devido ao alívio na renda disponível, além da possível redução no custo de crédito aos consumidores, impactando positivamente a demanda para o setor.
Pela perspectiva de valuation, empresas com fluxos de caixa mais distante tendem a se beneficiar da expectativa de taxas de juros futuras menores, muitas vezes o caso de ações de tecnologia e alto crescimento.
Além disso, o ramo de construção civil – com a possível queda do custo para realizar novos lançamentos e redução da taxa de financiamento imobiliário –, e o setor de bancos – caso se converta em queda da inadimplência – podem se beneficiar.
Quanto tempo dura o fôlego do Ibovespa?
As perspectivas de crescimento de PIB econômico para 2022 têm se alterado positivamente, fato que, aliado à queda da inflação, trouxe otimismo para a Bolsa local, diz o analista da Benndorf.
Entretanto, as eleições devem trazer bastante volatilidade para os ativos locais.
Somado a isso, Tahara projeta um ano bastante desafiador em 2023, com o crescimento econômico esperado ainda baixo e uma possível recessão global, que também impactaria o Brasil.
“Assim, enquanto ainda vemos espaço para o movimento de alta até as eleições, dado o patamar bastante descontado do Ibovespa, os cenário macro ainda traz muitas incertezas”, diz.
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