Selic em risco? 3 pontos necessários para a reancoragem das expectativas de inflação
As expectativas de inflação seguem desancoradas e preocupam o Banco Central (BC). Segundo o Relatório Focus desta segunda-feira (12), as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano estão em 4,20% e, de 2025, em 3,97%.
As porcentagens continuam acima do centro da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para ambos anos, de 3%, e se aproximam do teto, de 4,50%.
A desancoragem foi citada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nos últimos comunicados para explicar a estratégica de manter a taxa Selic estável no patamar de 10,50% ao ano.
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“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, afirmam os membros.
O Comitê, inclusive, diz que as projeções de inflação para o primeiro trimestre de 2026 situam-se em 3,4% no cenário de referência e 3,2% no alternativo, no qual os juros são mantidos constante no horizonte relevante.
Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, três pontos são necessários para a reancoragem das expectativas da inflação:
- estabilidade do dólar nos próximos meses;
- BC manter um discurso conservador; e
- maior compromisso fiscal.
“Tem esses três pilares principais que seriam importantes para que houvesse uma nova ancoragem nas expectativas”, diz.
3 pontos para a reancoragem das expectativas da inflação
Para o dólar, o analista da Empiricus afirma que, se o Federal Reserve (Fed) cortar os juros dos Estados Unidos nos próximos meses, o dólar deve enfraquecer frente ao real. Consequentemente, o real faria com que não houvesse um descontrole inflacionário maior na segunda metade do ano.
Segundo Spiess, no programa Giro do Mercado, se o câmbio se mantiver acima dos R$ 5,60 por muito tempo, preocupará mais o BC.
Além disso, o analista afirma que o Copom deve manter o discurso conservador em relação ao futuro da política monetária. “A ata e as últimas falas do Galípolo, por mais que deixem em aberto as chances de altas da Selic, são uma atuação vocal de que o Banco Central está preocupado com a reancoragem”, diz.
Spiess também ressalta a importância da discussão fiscal brasileira — o principal fator pela desancoragem em 2024, segundo ele.
“A reacnoragem deriva de novas apresentações de contenção de gastos para 2024, corte de gastos em 2025 e resolução de alguns problemas ainda em abertos, como a compensação da desoneração folha de pagamento, a dívida dos Estados e a regulamentação da reforma tributária”, afirma.