Economia

Selic em 9% é coisa do passado: Taxa de juros pode ficar mais alta que projeções dos economistas; confira

02 abr 2024, 16:38 - atualizado em 02 abr 2024, 16:38
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Mercado embarcou na perspectiva de um ciclo agressivo de cortes por parte do Banco Central, mas fatores podem mudar rumo da Selic. (Imagem: Getty Images/Canva Pro)

Pela décima quarta semana consecutiva, o Relatório Focus indica que as projeções do mercado são de que a Selic termine o ano de 2024 na casa dos 9% — sendo mantida em 8,50% nos próximos anos.

No entanto, alguns economistas já estão olhando para o afrouxamento monetário brasileiro com uma visão pessimista em relação ao futuro da taxa básica de juros. É o caso da Kinea Investimentos.

Em sua carta mensal, a gestora destaca que o mercado embarcou na perspectiva de um ciclo agressivo de cortes por parte do Banco Central, baseado na discrepância entre o pico que a taxa Selic atingiu e o que seria entendido como juro “neutro” da economia.

Segundo a gestora, existem fatos que vão contra essa tese otimista, o que sugerem cautela para o final do ciclo de cortes. Por exemplo, o início de ano sugere uma atividade econômica ainda robusta e mais resiliente que o esperado. Além disso, o mercado de trabalho se mostrou mais forte.

“A consequência de uma atividade mais resiliente, combinada com um forte mercado de trabalho, tem sido uma reversão de tendência de queda dos núcleos inflacionários, particularmente no setor de serviços. Mesmo o setor de commodities parou de contribuir positivamente (reduzindo) para a perspectiva inflacionária no momento”, diz o relatório.

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Selic: Decisões do Fed pesam no Banco Central

A Kinea também lembra que o Banco Central brasileiro está adiantado em relação aos seus pares. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Federal Reserve já sinalizou que deve dar início os cortes de juros ainda este ano, mas sem bater o martelo em uma data.

“Em seu conjunto, atividade, inflação e mercado de trabalho mais resilientes no Brasil já seriam suficientes para termos mais prudência com a trajetória de queda dos juros. Somado a esse cenário, as perspectivas de cortes nos Estados Unidos foram revisadas para baixo no decorrer desse ano, fazendo com que o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos se mova para níveis historicamente baixos”, diz.

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A gestora também destaca que Roberto Campos Neto deixa a presidência do Banco Central em dezembro.

“Em seus últimos meses na liderança da instituição, Campos Neto certamente olha para seu legado, e consideramos que deseja deixar seu nome marcado na história da política pública brasileira, em nossa primeira experiência com um banco central independente”, afirma o texto.

A projeção da Kinea é de que as taxas terminais abaixo de 9% parecem irrealistas no momento, sendo que o cenário mais provável é de mais um corte de 0,50 ponto percentual, seguido de ajustes menores, com taxa terminal esperada na casa de 9,5%.