Economia

Selic em 2019? Goldman, BTG Pacutal e Fator apresentam projeções diversas

25 jun 2019, 21:08 - atualizado em 25 jun 2019, 21:09
Copom
Copom decide por manter política monetária atual (Imagem: Copom)

O Copom (Comitê de Política Monetária) divulgou nesta terça-feira (25) a ata de sua última reunião, na qual o colegiado optou por não alterar o compasso da política monetária atual, ao manter a taxa básica de juro em 6,5% ao ano.

Diante da decisão unânime tomada por Roberto Campos Neto e os demais participantes, BTG Pactual, Goldman Sachs e Banco Fator apresentaram suas análises sobre a manutenção da política monetária vigente, cujo objetivo é perseguir a meta de inflação, de centro de 4,5% ao ano.

Flexibilização em setembro ou julho?

“Flexibilização a frente, com foco nas notícias sobre reformas”. É com esta afirmação que a equipe de análise macroeconômica do BTG Pactual inicia relatório, no qual destaca, de imediato, a percepção da “evidente interrupção do processo de recuperação econômica e cenário externo menos adverso”, além do aprimoramento do balanço de riscos.

Para o BTG, “o balanço de riscos para o horizonte inflacionário evoluiu favoravelmente”, com a autoridade monetária acreditando que, em 2020, o IPCA convergirá para o centro da meta, podendo ficar ligeriramente abaixo inclusive. No entanto, “o risco associado com possível desapontamento diante da continuidade das reformas ainda prevalece”.

Roberto Campos Neto
BTG projeta Selic em 5,75% no final de 2019 (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)

“Esperamos ciclo de flexibilização monetária a frente, com a taxa Selic finalizando 2019 em 5,75% ao ano”, afirma o BTG, projetando início do afrouxamento na reunião de setembro. “Contudo a aprovação mais rápida da Reforma da Previdência na Câmara, já no primeiro semestre deste ano, pode antecipar o início do ciclo de afrouxamento para julho”, avaliam Claudio Ferraz e Priscila Burity.

Em relação a expectativa de crescimento econômico no segundo trimestre, o BTG Pactual pondera que o Copom já avalia variação nula no nível de produto. “É esperado que o PIB fique relativamente estável no segundo semestre”, afirmam os analistas, destacando ainda a expectativa positiva da autoridade monetária de resumo da retomada econômica a frente.

Expectativas em foco

O Goldman Sachs acredita que o Copom deverá adentrar em ciclo de corte da Selic, ainda mais vertiginoso caso haja aprovação de reformas-chave, particularmente a previdenciária. “A minuta não adicionou muitas informações novas em relação ao comunicado divulgado após a reunião”, avalia o banco norte-americano, destacando a comunicação linear do Copom.

O banco norte-americano avalia que, diante da união entre persistência do fraco ritmo da atividade econômica abaixo da tendência histórica, deterioração de indicadores de confiança do empresariado e do consumidor, dinâmica inflacionária mais confortável, declínio nas expectativas do IPCA no curto prazo e tom mais abrandado dos horizontes dos principais bancos centrais ao redor do mundo, especialmente Fed e BCE, a Selic deverá cair para 5,5% ao ano no final de dezembro, com cortes de 25 pontos-base em setembro, 0,50 ponto percentual em outubro e, novamente, 25 pontos-base em dezembro.

Dinâmica inflacionária mais confortável é destacada por Goldman Sachs (Imagem: Money Times)

“Não descartamos um corte inicial maior, de 0,5 ponto percentual e um corte da Selic já na reunião de 31 de julho”, diz Alberto Ramos, destacando também o avanço da Reforma da Previdência antes do recesso de 17 de julho e a não desidratação de seu conteúdo como incentivos para manter “os mercados financeiros bem ancorados”.

Incertezas pesam

Por sua vez, o Banco Fator destaca a relação apontada pelo Copom em sua ata de reformas, expectativas e projeções macroeconômicas, no qual conclui que são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação.

“O argumento por trás da conclusão é que os juros já estão em patamar estimulativo e a economia não cresce porque há muita incerteza sobre a trajetória fiscal, o que se deve ao andamento das reformas. Isto é, reforça a ata, há vários determinantes da atividade econômica além dos juros”, avalia José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Fator.

“O esforço do Copom não altera nossa expectativa de Selic a 5,25% em dezembro”, avalia a instituição financeira.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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