Selic em 14,25% já estava contratada, diz Haddad; ‘Não dá para dar um cavalo de pau depois que assume’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros ao patamar de 14,25% ao ano já estava “contratado” e que a alta da Selic não surpreendeu o governo.
Em entrevista ao programa Bom Dia, da EBC, Haddad relembrou que o Banco Central já tinha sinalizado “três aumentos bastante pesados na Selic” na última reunião de 2024, ainda sob a liderança de Roberto Campos Neto, nomeado durante o governo de Jair Bolsonaro.
“Você não pode na presidência do BC dar um cavalo de pau depois que assumiu, é uma coisa muito delicada. Novo presidente e diretores têm uma herança a administrar, assim como eu tinha uma herança a administrar depois de Paulo Guedes”, disse.
- VEJA MAIS: Copom eleva Selic em 14,25% ao ano; veja onde investir diante do novo patamar de juros
Segundo o ministro, os técnicos da autoridade monetária são qualificados e vão fazer o melhor pelo país, sendo capazes de convergir a inflação para a meta — de centro de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Ele ainda destacou que o Brasil não precisa passar por uma recessão econômica para baixar a inflação ou controlar as contas públicas. No entanto, ele lembrou que o governo precisa cumprir o seu compromisso com as metas do marco fiscal. “São metas sempre exigentes, mas que temos de buscar”, completou.
Haddad afirma que isenção do IR será bem recebida pelo Congresso
Ao ser questionado sobre a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês, Haddad disse que o projeto de lei deve ser bem recebido pelo Congresso e que é a primeira fez que se tenta fazer justiça tributária no país.
“A proposta foi muito bem-recebida, porque quem vai pagar essa conta é quem hoje não paga Imposto de Renda. Estamos pegando essas pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão por ano, na verdade, com mais de R$ 600 mil já começa uma pequena alíquota”, afirmou o ministro.
Segundo ele, o projeto vai passar pelos parlamentares com tranquilidade e nem mesmo a “extrema-direita não vai ter como justificar não aprovar”.
Haddad negou que a reforma do imposto de renda resultará na perda de arrecadação para estados e municípios, e que também não tem “um centavo de aumento de imposto”.