Economia

Selic em 13,25%: Veja quem vai sentir o corte nos juros primeiro

03 ago 2023, 9:38 - atualizado em 03 ago 2023, 12:03
Juros, selic
O Banco Central reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual e já sinalizou que novos cortes estão no radar. (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

Depois de três anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir a Selic. O corte inicial foi de 0,50 ponto percentual, o que passou a taxa básica de juros de 13,75% para 13,25%.

Além do início do afrouxamento monetário, o Banco Central também aproveitou para sinalizar que mais cortes estão no radar se a inflação seguir desacelerando.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.

No entanto, apesar da decisão e comunicado positivos, Álvaro Bandeira, economista e coordenador do núcleo de economia da APIMEC Brasil, lembra que é preciso ter paciência. Isso porque mudanças na política monetária levam tempo para surtir efeito.

“Os efeitos na redução de taxa de juros demora a cerca de dois a três trimestres, dependendo da magnitude. Então, reduções de 0,50 ponto percentual parece bem apropriado”, diz.

Quem vai sentir a queda da Selic primeiro?

O consenso econômico é de que os efeitos da taxa de juros mais baixa só devem começar a aparecer na economia entre 12 e 18 meses. Ou seja, com essa defasagem do impacto de uma Selic mais baixa só deve aparecer no final de 2024.

As primeiras coisas que devem mudar são os custo de empréstimos e financiamentos, tanto que os bancos públicos já aproveitaram a decisão do Copom para anunciar redução nas suas taxas de juros.

A Caixa Econômica Federal, por exemplo, anunciou uma redução total de 2,3% nas taxas de juros do crédito consignado. Já o Banco do Brasil confirmou que os juros serão reduzidos em até em até 10 pontos-base ao mês.

“Inicialmente, o reflexo nas famílias será pouco percebido. Nos três primeiros meses, serão no custo de empréstimos e financiamentos. Em até dois anos, os impactos são mais visíveis devido a um fortalecimento da economia e a retomada de investimentos de empresas e novos negócios”, afirma Robson Casagrande, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

Já no mercado financeiro, esse movimento de mudança nos juros é antecipado. Basicamente, antes mesmo do corte, estes impactos já são percebidos com um fortalecimento de ativos de renda variável. Com isso, entre os ativos de bolsa devem sair no lucro os setores de educaçãovarejoshoppings e habitacional, além dos fundos imobiliários.

Antonio van Moorsel, estrategista-chefe da Acqua Vero, destaca que os setores com maior dependência de crédito, como de automóveis, eletrodomésticos e construção civil, devem se beneficiar mais dos juros do que setores menos sensíveis ao ciclo econômico, como o elétrico.

“Isso contribui para o barateamento do crédito e, por sua vez, para um aumento do consumo principalmente quando considerado em paralelo o aumento da renda real devido à desaceleração das pressões inflacionárias”, afirma.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha, destacou que a queda da Selic é uma boa notícia, mas que o setor industrial não vai sentir os efeitos imediatamente. “Não esperamos efeitos grandes. Só em seis meses, ou seja, no próximo ano”, disse.

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