Banco Central

Selic em 13,25%, Campos Neto e promessa de mais cortes; tudo o que surpreendeu (positivamente) o mercado

02 ago 2023, 19:56 - atualizado em 02 ago 2023, 19:56
Banco Central, Senado, selic, Copom
O ciclo de aperto monetário do Copom começou em março de 2021 e seguiu até agosto de 2022, após 12 altas seguidas da Selic.(Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Três longos anos separam o menor patamar histórico da Selic e o primeiro corte nos juros após o início do ciclo de aperto monetário. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros deixa o patamar de 13,75% ao ano e vai para 13,25%.

Vale lembrar que o ciclo de aperto monetário do Banco Central começou em março de 2021 e seguiu até agosto de 2022, após 12 altas seguidas. Desde então, a Selic está sendo mantida no patamar de 13,75%. Antes do início do aperto, os juros estavam estacionados em 2%, menor patamar histórico, desde agosto de 2020.

O movimento do Copom não pegou o mercado de surpresa. Na verdade, os analistas se dividiam entre aqueles que falavam em um reajuste cauteloso, de 0,25 pp, e aqueles que defendiam haver espaço para um corte mais robusto.

Além de concordar que a economia brasileira está pronta para um afrouxamento amplo da política monetário, o Banco Central ainda trouxe uma boa notícia: a de que mais cortes estão no radar se a inflação seguir desacelerando.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.

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Ainda assim, Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors, destaca que o Copom manteve seu discurso de atuação da política monetária contracionista e de vigilância dos dados que impactam inflação e atividade na condução da política monetária.

“Apesar de ter iniciado o corte em 0,50 em decisão não unânime, o comitê ressaltou que pode rever a magnitude nas próximas reuniões caso o cenário inflacionário se deteriore. O comitê adotou uma linha mais dovish, porém explicando no detalhadamente o porquê da decisão de 0,50 p.p. nesse primeiro corte”, diz.

Já Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos, lembra que além da melhora nas expectativas de inflação, o encaminhamento do novo marco fiscal foi muito importante para a mudança de patamar da curva de juros no país.

“O Banco Central deu a largada no ciclo de corte de juros aqui no Brasi com corte pouco mais arrojado. Provavelmente, isso deve repercutir positivamente nos ativos de risco e contribuir amanhã para um dia positivo do Ibovespa.”

Aceno para o governo?

Também chamou atenção a divisão entre os integrantes do Copom. Segundo o comunicado, o grupo avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 pp. O motivo foi a melhora do quadro inflacionário.

Com isso, o placar ficou em 5 a 4. Votaram por uma redução de 0,50 pp os seguintes membros do Comitê: Roberto Campos Neto, Ailton de Aquino, Carolina de Assis Barros, Gabriel Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso.

Por outro lado, votaram por uma redução de 0,25 pp Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.

Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, essa foi uma decisão bem disputada e com a surpresa de que Campos Neto não estava do lado dos 0,25 pp.

“O mercado esperava que de fato houvesse uma dissidência em relação à decisão no qual obviamente o Galípolo e o Ailton fossem pender mais para 0,50 pp e os demais pender mais para 0,25 pp, mas não foi o que aconteceu. A gente viu que outros membros decidiram abraçar a ideia de um corte de juros maior mesmo nesse início de ciclo com uma inflação ainda resiliente. Mas a maior surpresa de fato fica por conta do desempate, o Roberto Campos Netto desempatando essa decisão que foi bastante apertada”, afirma.

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Mercado com uma Selic mais baixa

Segundo Bruno Monsanto, assessor de investimentos e sócio na RJ+ Investimentos, os ativos de risco devem ganhar uma boa tração e os ativos de renda fixa vão ter um impacto ainda maior nas taxas ofertadas já a partir de amanhã.

“A gente vai ter algum alívio inclusive no mercado de crédito privado. Com isso deve acontecer menos ruído político, menos declarações e críticas do governo contra o Banco Central e um clima mais harmonioso entre Bacen e governo”, destaca.

Muita calma nessa hora

Apesar da decisão e comunicado positivos, Álvaro Bandeira, economista e coordenador do núcleo de economia da APIMEC Brasil, lembra que é preciso ter paciência. Isso porque mudanças na política monetária levam tempo para surtir efeito.

“Os efeitos na redução de taxa de juros demora a cerca de dois a três trimestres, dependendo da magnitude. Então, reduções de 0,50 ponto percentual parece bem apropriado”, diz.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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