Selic em 11,75%: Como juros do Fed impactam Campos Neto
Hoje é a última Super Quarta do ano. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por mais uma manutenção da taxa de juros de referência do Federal Reserve.
A taxa segue no intervalo entre 5,25% e 5,50% após a última reunião do Fed em 2023 — o maior em 22 anos. A autoridade, no entanto, sinalizou que o aperto histórico chegou ao fim e cortes ocorrerão em 2024.
Agora de noite será a vez do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa é de um novo corte de 0,50 ponto percentual. Com isso, a Selic passará de 12,25% para 11,75%.
No entanto, não é só o calendário das reuniões das autoridades monetárias que se coincidem. As decisões do banco central da maior economia do mundo não passam despercebidas pelo Banco Central do Brasil.
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Como as decisões do Fed interferem no Banco Central
O maior problema entre esse desalinhamento dos bancos centrais – enquanto o brasileiro já começou o afrouxamento, o americano ainda está no período de manutenção restritiva – é que os investidores podem virar as costas para o Brasil.
Basicamente, investir em um lugar com juros altos e que paga em dólar é mais atrativo que colocar o dinheiro em um país emergente.
Além disso, mudanças nos juros lá nos Estados Unidos impactam diretamente o dólar por aqui. Quando os investidores se voltam para o EUA, a tendência é de que o dólar se fortaleça, e câmbio mais alto é sinônimo de inflação do lado das importações e produção.
Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, aponta que após o Copom ter revelado na reunião anterior uma maior preocupação com o ambiente externo mais adverso, pode-se ponderar que seria prematuro apontar que o recuo recente da curva de juros nos Estados Unidos seja suficiente para mudar a sinalização da necessidade de cautela, mesmo que reconheça uma evolução mais positiva no período recente.
“Vale notar que as treasuries continuam apresentando volatilidade e a curva futura de fed funds incorpora uma trajetória de relaxamento monetário considerada excessivamente otimista por diversos analistas. O Comitê não pode ter uma postura tão volátil quanto o comportamento do mercado. Por sinal, a apreciação do real foi bem discreta desde a última reunião do Copom (de R$ 5,00 para R$ 4,90), apesar da significativa queda das taxas de 2 e de 10 anos nos EUA”, afirma.